Candidato à Presidência, Lula foi entrevistado nesta quinta-feira, 25, e ainda falou sobre agronegócio, economia e Geraldo Alckmin
Redação Publicado em 25/08/2022, às 21h30
O candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Jornal Nacional nesta quinta-feira, 25, para responder perguntas sobre seus planos caso seja eleito novamente. Em uma sabatina de 40 minutos, o ex-presidente do Brasil falou sobre corrupção, lista tríplice da PGR, economia, orçamento secreto, críticas à Geraldo Alckmin e agronegócio.
Logo no início da entrevista, William Bonner questionou Lula sobre o escândalo de corrupção da Petrobrás. Em resposta, o ex-presidente afirmou: "Durante cinco anos eu fui massacrado e estou tendo hoje a primeira oportunidade de falar isso abertamente ao vivo, com o povo brasileiro. A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada."
Em seguida, Lula listou uma série de ferramentas de investigação que foram criadas durante o seu governo, como o Portal da Transparência e a Lei do Acesso à informação. O candidato ainda lembrou o escândalo do Mensalão, antes de comentar sobre a Lava à Jato.
Em 2005, quando surgiu a questão do Mensalão, eu cheguei a dizer que só existe uma possibilidade de alguém não ser investigado neste país: não cometer erros. [...] Qual foi o equívoco da Lava à Jato? A Lava à Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política e o objetivo era tentar condenar o Lula.”
Segundo Lula, caso ele volte a governar o país, toda e qualquer pessoa que cometer um crime será julgada, “por menor ou maior que seja” o delito. Em seguida, o ex-presidente afirmou que “poderia ter escolhido um procurador engavetador” para investigar as acusações contra ele, pontuando que não o fez, permitindo que "as coisas acontecessem como deviam".
Quanto à lista tríplice da PGR, Lula afirmou que não quer fazer promessas ainda, porque "quer que eles fiquem com uma pulguinha atrás da orelha". "Esse negócio de ficarmos prometendo fazer as coisas antes da gente ganhar é um erro", afirmou o ex-presidente, antes de pontuar que "não quero um procurador leal a mim, ele tem que ser leal ao povo brasileiro".
As coisas vão acontecer da forma mais republicana possível. Eu estou querendo voltar porque quero ser melhor do que eu fui, quero fazer coisas que eu deveria ter feito, mas não sabia que era possível fazer. É por isso que escolhi uma pessoa como Alckmin para vice.”
Mais tarde, após lembrar que, quando assumiu o Brasil em 2003, o país sofria com 10,5% de inflação e 60,4% de dívidas públicas, Lula pontuo que “o Brasil estava quebrado” e que, em sua opinião, existem "três palavras mágicas" para governar um país, sendo elas "credibilidade, previsibilidade e estabilidade”.
Ao falar sobre economia, Lula ainda elogiou a ex-presidente Dilma Rousseff, afirmando que ela "fez um primeiro mandato extraordinário". "A Dilma é uma das pessoas pelas quais eu tenho mais profundo respeito", afirmou o ex-presidente.
Após afirmar que "política não tem que ter ódio", Lula respondeu à pergunta de Renata Vasconcellos sobre o relacionamento do PT com o Congresso, pontuando que a "vida política estabelecida em regime democrático é a convivência democrática da diversidade" e que "o centrão não é um partido político", uma vez que "quase todos são cartoriais".
Logo em seguida, após defender a Imprensa Livre e uma Justiça eficaz, Lula afirmou que o Orçamento Secreto não é uma moeda de troca, mas sim uma "usurpação de poder".
É uma usurpação de poder. Ou seja, acabou o presidencialismo. O Bolsonaro não manda em nada, ele é refém do Congresso Nacional. Ele sequer cuida do orçamento. Precisamos acabar com essa ideia de semipresidencialismo. O Bolsonaro parece um bobo da corte."
Em seguida, pouco antes de afirmar que "confia 100%" em Geraldo Alckmin, Lula disse esperar que a população entenda que "o Congresso Nacional é o resultado da consciência política no dia das eleições". "Quando você for votar, coloque esperança e otimismo, não coloque rancor na urna, porque não dá certo”, afirmou o ex-presidente.
Mais tarde, ao ser questionado sobre a polarização política no país, Lula pontuou que a "militância é como torcida organizada", sendo que a polarização em um regime democrático "é saudável, importante e estimulante".
O que é importante é que a gente não confunda polarização com estímulo ao ódio. Tem uma frase fantástica do Paulo Freire que diz: 'De vez em quanto, precisamos estar junto com os divergentes para vencer os antagônicos'. E, agora, nós precisamos vencer o antagonismo do fascismo, da ultra-direita."
Ao ser questionado sobre o tema do agronegócio, Lula pontuou que "não tem nenhum governo que tratou do agronegócio como nós tratamos”. Logo em seguida, criticando a ideia do armamento da população, o ex-presidente afirmou que deseja "pacificar o país".
Por fim, o candidato ainda falou sobre política internacional, afirmando que está tranquilo com suas relações internacionais e prometendo que, caso volte à presidência, o país "vai ver uma enchurrada de amigos que estão desaparecidos vindo visitar o Brasil".
Para a série de conversas, a Globo convidou os candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho. Ciro Gomes (PDT), foi recebido na terça-feira, 23, e Simone Tebet (MDB), será a entrevistada na sexta-feira, 26. A ordem foi escolhida por sorteio.
Na segunda-feira, 22, foi o presidente Jair Bolsonaro quem respondeu às perguntas dos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos. Em uma conversa de 40 minutos, Bolsonaro, candidato a presidente da República, falou sobre seus ataques ao TSE, questões relacionadas a pandemia e economia. Confira detalhes na matéria completa sobre o tema.
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