Em meio à retomada do poder do Talibã no Afeganistão, confira as semelhanças e diferenças entre o grupo extremista, a Al-Qaeda e o Estado Islâmico
Redação Publicado em 17/08/2021, às 10h38 - Atualizado em 27/08/2021, às 09h53
Após 20 anos de guerra com os Estados Unidos, o Talibã volta a dominar o Afeganistão enquanto aumenta a preocupação internacional sobre os direitos humanos no país, principalmente relacionado às mulheres.
Foi no domingo, 15 de agosto, que militantes do Talibã retomaram a capital do Afeganistão pouco tempo após Joe Biden decidir pela retirada dos militares norte-americanos da capital Kabul — e a situação levou ao caos na cidade enquanto a população tentava fugir.
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O grupo extremista Talibã está relacionado direta e indiretamente com outras organizações, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico — responsável pelas explosões nos arredores do aeroporto de Kabul na quinta, 26 de agosto. A Rolling Stone Brasil explica as principais semelhanças e diferenças entre os grupos; confira:
O primeiro grupo extremista a surgir foi a Al-Qaeda. Após a invasão do Afeganistão pela União Soviética e o surgimento de grupos rebeldes apoiados financeiramente pelos Estados Unidos para combates o comunismo, Bin Laden fundou o grupo.
Com o fim da União Soviética em 1989, começou uma guerra civil no Afeganistão e o Talibã, fundado em 1994 pelos mujahideens (guerrilheiros islamitas) toma o poder do país em 1996. Conforme explicado pela BBC, ele surge a partir de grupos que estudaram em seminários conservadores. Nas línguas faladas no Afeganistão (o persa moderno e o afegão), inclusive, o talib significa "estudante".
Após os ataques de 11 de outubro em Nova York, de autoria da Al-Qaeda, os Estados Unidos bombardeiam o Afeganistão com o objetivo de desmantelar a Al-Qaeda e expulsar o Talibã do poder. Esse foi o contexto da “Guerra ao Terror”, campanha militar desencadeada pelos Estados Unidos após o atentado às Torres Gêmeas como combate ao terrorismo.
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No entanto, a campanha de Guerra ao Terror que levou à Guerra do Iraque após a invasão norte-americana teve como consequência o surgimento do Estado Islâmico, antes um braço da Al Qaeda. Devido ao conflito, grupos jihadistas foram instalados e desenvolvidos no Iraque — e com a Primavera Árabe, o grupo viu espaço para romper com o grupo de Bin Laden e se instalar também na Síria.
Contudo, o Estado Islâmico, também conhecido como ISIS (Islamic State of Iraq and Syria), tem uma filiada no Afeganistão chamada Isis-K. Ela é considerada mais violenta e radical que o Talibã, e foi fundada em 2015 em uma região conhecida como Khorasan.
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Conforme noticiado pela Band, a Isis-K é rival dos Estados Unidos e do Talibã no Afeganistão, sendo formada por uma combinação das outras organizações. Há militantes islâmicos sunitas, ex-integrantes de outras organizações terroristas, como Lashkar-e-Taiba, e a rede extremista afegã Haqqani, com vínculos com a Al-Qaeda, ae até ex-participantes do Talibã.
A filial do Estado Islâmico assumiu a autoria pelo mais recente ataque realizado no Afeganistão, na cidade de Kabul. Explosões na quinta, 26, mataram ao menos 73 pessoas, incluindo 13 militares norte-americanos.
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Talibã é um movimento fundamentalista islâmico nacionalista que interpreta de forma conservadora e radical o sistema de leis isâmicas (Sharia), que os levaram a ser acusados de diversos abusos contra os direitos humanos e cultural.
Segundo a BBC, a forma de interpretação da Sharia levou a execuções públicas de supostos assassinos e de adúlteros, amputações para ladrões, proibição da televisão, música e cinema, assim como proibição de meninas de 10 anos ou mais frequentarem a escola.
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Já a Al-Qaeda se inspira dos escritos de Sayyid Qutb, um pensador proveniente da Irmandade Muçulmana. O autor defende uma revolução islâmica armada para a sobreposição de regimes não guiados pelas leis islâmicas.
Dessa forma, o grupo se apoia na Jihad (conhecida como guerra santa), para protagonizar diversos ataques terroristas contra civis, militares e instituições de diversas nações do mundo. Inclusive, por meio da internet, propagando a ideologia e recrutando pessoas para participar da Jihad.
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O Estado Islâmico, autoproclamado califado, afirma autoridade religiosa sobre todos os muçulmanos do mundo. O grupo vive de acordo com a interpretação sunita da religião e sob a Sharia — e, conforme reportado pelo The Wall Street Journal, é violento contra muçulmanos xiitas, assírios, cristãos armênios, iazidis, drusos, shabaks e mandeanos.
Com ideologia baseada no wahabismo, doutrina de Al-Wahhab que defendia uma interpretação literal do Corão, o grupo também acusado de abusos contra direitos humanos. O Estado Islâmico usa a tortura, mutilações, condenações à morte e execuções públicas nas pessoas que não concordam com a interpretação sunita das leis islâmicas.
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Segundo o G1, após a morte de Bin Laden em 2011, a Al-Qaeda se distanciou do Paquistão e do Afeganistão e passou a concentrar sua atuação no mundo árabe. Ayman al-Zawahiri foi nomeado sucessor de Bin Laden, e apesar dos EUA creditarem que ele estivesse morto em 2006, o líder apareceu em vídeo de setembro de 2014.
O líder do Talibã foi, por quase 20 anos, Mohammed Omar, considerado um dos mais influentes jihadistas do mundo. Em 2013, ele foi morto e sucedido por Akhtar Mohammad Mansour, que morreu em ataque aéreo norte-americano realizado em maio de 2016. Em seguida, Mawlawi Hibatullah Akhundzada assumiu o controle da organização.
O Estado Islâmico tem Abu Bakr al-Baghdadi como autoproclamado califa. Ele foi o responsável por romper com a organização de Bin Laden, após ampliar sua atuação em território sírio. Em 2014, segundo o G1, al-Baghdadi anunciou o estabelecimento de um “califado mundial” e ocupou territórios na Síria e no Iraque.
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