- Johnny Rzeznik (Foto: Katie Darby/Invision/AP)

'A música 'Iris' nos deu uma carreira', diz vocalista do Goo Goo Dolls, atração do Rock in Rio 2019

Sucesso nos anos 1990 e pela primeira vez no Brasil, a banda de rock vem reformulada e é uma atrações de maior destaque do festival

Nicolle Cabral Publicado em 04/09/2019, às 17h38

Em uma cidade às margens do lago Erie, de Nova York, cresceu John Rzeznik, co-fundador do Goo Goo Dolls, ao lado de Robby Takac. E, 33 anos atrás, os dois jovens que partilhavam o gosto por guitarras, cervejas e punk rock - não necessariamente nessa ordem - se uniram para conquistar, um par de vezes, o topo durante os anos 1990.

E chegaram, juntos, a 2019, com 11 discos de estúdio e uma banda reformulada ao longo do tempo. Da formação original, restaram apenas Rzeznik e Takac. São eles que comandam o Goo Goo Dolls como uma atrações de maior destaque no terceiro dia do Rock in Rio, 29 de setembro de 2019.

Foi um longo processo de amadurecimento para chegar até aqui, sobreviver à imagem de "one hit wonder" e tudo mais, conta Rzeznik à Rolling Stone Brasil. E fizeram isso enquanto subiam no palco, noite após noite.

As transformações vieram à cavalo logo de início. Rzeznik foi para os vocais, veio o contrato polpudo com a Warner Music, a banda deixou o punk grosseiro de lado e assumiu a vibe da balada acústica, como "A Boy Named Goo", responsável por liderar a parada de músicas alternativas da Billboard em 1995.

Em 1998, veio o hit de maior sucesso da banda, "Iris", escrita para ser parte da trilha sonora de Cidade dos Anjos, filme protagonizado por ‎Nicolas Cage‎ e ‎Meg Ryan‎.

"O bom é que nunca enjoei de 'Iris', conta Rzeznik. "Acho lindo todo o impacto que a música teve. Foi algo que eu realmente não esperava. Mas essa música nos deu uma carreira."

A faixa tocou incansavelmente nas rádios - e é uma escolha certeira nas noites de karaokê - veio no disco Dizzy Up the Girl, 1998, álbum produzido por Rob Cavallo, conhecido pelos trabalhos com Black Sabbath, My Chemical Romance e Dave Matthews Band - a última também toca na no Rock in Rio, na mesma noite.

O disco rendeu mais de 4 milhões de cópias, segundo a Nielsen Music, e os guiou para uma carreira duradoura, embora não mais tão barulhenta.

Longe dos holofotes, mas assegurados pelo sucessos que conquistaram com o disco de 1998, Rzeznik e Takac seguiram em direção a Los Angeles. Depois da turnê do premiado Dizzy Up the Girl, o líder do grupo havia passado pelo término do primeiro casamento e se questionou algumas vezes sobre o que realmente deveria fazer, mas dessas inquietações pessoais surgiu o sétimo álbum de estúdio, Gutterflower.

Ao olhar para trás, e avaliar a trajetória, Rzeznik se sente muito grato.

"Às vezes eu olho para trás e penso: 'Ah, talvez eu deveria ter feito isso e aquilo. Mas é meio inútil pensar assim. Tem sido louco estar com eles [a banda] durante todo esse tempo."

"Eu me sinto grato por estar vivo durante todo esse tempo e que ainda estou hábil para compor músicas e me conectar com as pessoas".

Neste mês, Goo Goo Dolls se apresenta, pela primeira vez no Brasil, no dia 22 no Estádio do Arruda em Recife, em uma dobradinha com o Bon Jovi. A turnê conjunta segue para São Paulo no dia 25 no Allianz Parque e no dia 27 de setembro chegam em Curitiba no Pedreira Paulo Leminski. A última parada é no Rio de Janeiro para lotar a Cidade do Rock na noite de 29 no festival Rock in Rio.

"Vamos tocar todos os hits", afirma.

Além da novidade pela primeira visita ao país, o grupo aproveitará para promover o pop-rock do novo disco Miracle Pill. Previsto para o dia 13 de setembro, o novo projeto do trio formado por John Rzeznik nos vocais, Robby Takac no baixo e Mike Malinin na bateria, já deu o tom da mudança com as três faixas "Indestructible", "Miracle Pill" e "Money, Fame & Fortune" lançadas recentemente.

"Tive várias ideias. Desta vez, quis fazer algo mais experimental"

Rzeznik discute sobre os alívios instantâneos que a sociedade contemporânea procura com a metáfora no título do disco, a tal "pílula milagrosa".

"Se você está triste, tome uma pílula. Se precisar de aprovação, entre no Instagram e você terá imediatamente."

O disco em si, além de promover essa reflexão sobre essa busca de solucionar incômodos com ações imediatistas, de forma otimista, é possível levar em consideração que a dupla que se conheceu em 1986 sabe exatamente o que é necessário para funcionar de forma efetiva e duradoura.

+++ A playlist da Drik Barbosa - De Emicida a Erykah Badu

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