Lançado em 2015, o documentário Cássia, do diretor Paulo Henrique Fontenelle, é uma viagem profunda ao universo da polêmica cantora Cássia Eller, morta em 2001, aos 39 anos.
O longa contempla os fãs com um rico material, recuperando imagens da infância de Cássia e cenas das primeiras apresentações, em Brasília (cidade na qual ela foi morar aos 18 anos), além de registros caseiros, que mostram a cantora ao lado do filho e da mulher, Maria Eugênia.
O doc também é permeado por depoimentos emocionados. Os músicos Zélia Duncan e Nando Reis, ao lado de Nancy Ribeiro, mãe de Cássia – que fala abertamente sobre a sexualidade da filha e as crises de abstinência que ela enfrentou pouco antes de morrer – protagonizam os momentos mais tocantes.
Comandado pelo jornalista Ricardo Alexandre, Sem dentes retrata a renovação vivida pelo rock nacional no começo dos anos 1990. Em uma época em que o sertanejo dominava a atenção das grandes gravadoras, selos independentes (como o Banguela Records), fanzines e fitas demo brotaram e fomentaram a cena da época.
“Eu só tive a dimensão exata da importância dos anos 1990 fazendo o documentário”, disse Ricardo Alexandre em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Cheguei à conclusão de que foi o melhor período do rock brasileiro.”
Com dezenas de depoimentos – com personalidades como Dado Villa-Lobos, Pena Schmidt, Miranda e Samuel Rosa – Sem Dentes aborda a trajetória de artistas como Raimundos, Chico Science & Nação Zumbi, Skank, Mundo Livre S/A, Planet Hemp, Pato Fu, entre outros.
Após várias tentativas frustradas, a atriz e diretora Maria Ribeiro conseguiu filmar o Los Hermanos em uma das reuniões da banda, na turnê comemorativa de 2012. Esse é Só o Começo do Fim da Nossa Vida acompanha a banda por cinco dias em cidades como Brasília, Recife e Salvador. Em quartos de hotel, viagens de ônibus, conversas atrás dos palcos, o maior trunfo do longa é chegar muito perto dos músicos.
“Eles realmente me abriram uma guarda que não abrem para ninguém”, disse a diretora em entrevista à RS Brasil. “São 13 anos de uma relação em que eu não ultrapassei nenhum limite. Então, mesmo eles tendo topado que eu fizesse o filme, quando eles estavam na piscina do hotel, eu não ligava a câmera. Isso fez com que eles se sentissem à vontade para ter intimidade nos momentos em que era possível.”
Ao longo do filme, são apresentadas pequenas entrevistas com os integrantes, intercaladas com as apresentações ao vivo, com a banda em cima do palco, e imagens raras dos quatro músicos. Em algumas situações, a câmera chega tão perto que se confunde com os artistas retratados, já que os vocalistas e guitarristas Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante pegam o aparelho e fazem, eles mesmos, registros do momento (Leia mais aqui e aqui)
Outro documentário com o comando de Ricardo Alexandre, Napalm: O Som da Cidade Industrial conta a história de uma das mais lendárias casas de show de São Paulo, o Napalm. Produzido pelo canal BIS, o longa reúne depoimentos e imagens de arquivo 30 anos depois do funcionamento do estabelecimento.
O Napalm esteve aberto durante pouquíssimo tempo – apenas entre julho e novembro de 1983, no centro de São Paulo. O período foi suficiente para presenciar o nascimento de uma ativa geração de músicos do punk e do rock brasileiros – bandas como Ultraje a Rigor e Titãs nasceram ali.
Para o documentário, gente que viu de perto, ou mesmo se apresentou no palco do local, gravou depoimentos. Dado Villa-lobos, Clemente, Nasi, João Gordo e Dinho Ouro Preto foram alguns dos entrevistados.
Lançado em 2008, o documentário A Vida até Parece uma Festa teve seis anos de planejamento, com muita procura por material de arquivo e gravações em vídeo de todas as fases do Titãs, feitas, principalmente, por Branco Mello – codiretor do filme com Oscar Rodrigues Alves – desde a turnê de Cabeça Dinossauro.
O documentário mostra a banda paulistana se divertindo, fazendo bagunça e piadas em quase sua totalidade – não há muito do que não se queira mostrar, portanto. Há imagens do octeto em aeroportos, reuniões de amigos e diversos programas de auditório (como Gugu, Hebe e Chacrinha, entre outros). O momento de seriedade – e, consequentemente, o mais emocionante do filme – é a trágica morte do guitarrista Marcelo Fromer.
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Lançado pelo cineasta Vladimir Carvalho em 2011, Rock Brasília - Era de Ouro flagra o surgimento das três grandes bandas de rock da capital federal nos anos 1980: a Legião Urbana, a Plebe Rude e o Capital Inicial. Entretanto, além de destrinchar detalhes sobre a trajetória dos grupos, o documentário mostra mais sobre os pais dos músicos e tem nas imagens de arquivo do show que a Legião Urbana fez no estádio Mané Garrincha, em 1988, um de seus momentos mais fortes.
Irmão de Vladimir Carvalho, Walter Carvalho é outro cineasta que se dedicou a retratar o rock brasileiro em seus filmes. Diretor da cinebiografia Cazuza - O Tempo Não Para, Walter fez um extenso trabalho de pesquisa para desvendar os mistérios de Raul Seixas em Raul – O Início, o Fim e o Meio. Sem medo de tocar na ferida, o filme fala abertamente sobre os casamentos, o misticismo e os fãs do baiano, além de detalhar a parceria de Raul com o hoje escritor Paulo Coelho.
Dirigido pelo apresentador Gastão Moreira, Botinada: A Origem do Punk no Brasil é um ótimo ponto de partida para quem quiser entender o começo do movimento punk no país, entre o fim dos anos 1970 e o começo dos 1980 - especialmente em Sâo Paulo. Principal foco do documentário, a capital paulista foi berço para grupos seminais do gênero, como Inocentes, Cólera e Ratos de Porão. Para quem conhece bem o assunto, o principal atrativo de Botinada fica por conta de imagens como um show do Cólera na TV Tupi em 1980.
De 2006, Loki é um retrato comovente sobre a vida (e a sobrevivência) do baixista/tecladista dos Mutantes, Arnaldo Baptista. Dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, o filme mostra a trajetória de Arnaldo, de sua infância no bairro da Pompeia até os dias de hoje - passa pelo grupo que o músico teve com Rita Lee e Sérgio Dias e o acidente pelo qual Baptista passou no final do ano de 1982, quando caiu de uma janela no quarto andar da ala psiquiátrica do Hospital do Servidor Público, em São Paulo.
Figura central da cena independente paulistana na década de 1980 e influência para nomes como Zélia Duncan e Tulipa Ruiz, o cantor Itamar Assumpção é a estrela principal de Daquele Instante em Diante. Cheio de depoimentos de companheiros de jornada do artista, como os músicos da Banda Isca de Polícia e o compositor Arrigo Barnabé, o filme de Rogério Velloso é a oportunidade para quem quiser saber mais sobre um dos maiores cancionistas brasileiros.