Trent Reznor se sente inspirado para continuar a gravar com o Nine Inch Nails
Depois de quase dez anos, o ganhador do Oscar Trent Reznor trouxe o Nine Inch Nails de volta ao Brasil para um show no festival Lollapalooza, em São Paulo. Após ter passado por Argentina e Chile com o mesmo evento, ele fez uma pausa para falar sobre os próximos passos na incansável carreira, que incluem a trilha do novo filme de David Fincher e possivelmente músicas inéditas para o NIN – que, há alguns anos, chegou a ser temporariamente desativado.
Como é trabalhar com o NIN agora que você também é bem-sucedido fazendo trilhas para filmes?
A única coisa que importa em termos da minha vida artística no NIN é que eu preciso sentir que é algo vital, que tem integridade e que é relevante. Quero que a banda pareça, para mim, a coisa mais difícil, a mais recompensadora, mais desafiadora e mais interessante na qual eu posso trabalhar.
Muitas de suas músicas remetem a períodos específicos e doloridos da sua vida. Como é cantar hoje uma canção como “Sanctified”?
É estranho, algumas delas apenas me parecem boas músicas, que eu posso curtir cantar. Algumas me levam de volta à lama, a lugares que... Bem, é quem eu era quando as escrevi. A cada noite, passo por uma efusão emocional catártica. Não é algo que eu faria no dia a dia, na “vida normal”, gritar comigo na frente do espelho por duas horas. É um esgotamento emocional, assim como físico.
Entre o NIN, as trilhas e seus outros projetos, no que você pretende focar agora?
Estou fazendo com Atticus Ross a trilha do filme Gone Girl, do David Fincher. Temos trabalhado nisso desde o início do ano, nos intervalos da turnê. Nas próximas semanas de folga, vou imediatamente voltar ao estúdio para compor para esse projeto. Mas me sinto inspirado em relação ao NIN. Se eu não tivesse que fazer essa trilha agora, iria para o estúdio e começaria a compor para a banda. Vamos ver o quanto isso vai durar, mas estar inspirado é a única coisa que importa.
Você tocou no primeiro Lollapalooza, em 1991, nos Estados Unidos. Como foi se apresentar agora, no mesmo festival, em outros países, mais de 20 anos depois?
É bem estranho, na verdade. No primeiro festival, éramos meio que uma lista de bandas da “ralé”, que viviam for a do mainstream. Penso que fomos precursores da música alternativa – de certa maneira, demos início a esse termo. Você sentia orgulho de ser nomeado “alternativo”. Acho que preparamos o terreno para a revolução do Nirvana, que veio alguns anos depois. E juro para você que naquele tempo eu jamais imaginaria que o NIN estaria ativo 20 anos mais tarde. O fato de os dois terem sobrevivido é ótimo.