Beck fala sobre o Song Reader, um projeto tão interativo quanto primitivo
Desde o último álbum de estúdio em 2008, Beck tem se divertido confundindo a expectativa à sua volta – de colaborações excêntricas ocasionais (com Jack White, Dwight Yoakam e Lonely Island, entre outros) a trilhas sonoras pouco comuns (Saga Crepúsculo: Eclipse, Scott Pilgrim contra o Mundo). Mas, para a empreitada mais recente, o cantor resolveu voltar no tempo – até o século 19. Beck Hansen’s Song Reader, uma colaboração com a editora nerd-chic McSweeney’s, é um livro capa dura com 20 panfletos de partituras, cada uma com novas músicas compostas pelo próprio Beck. “Eram só versos e melodia, mas foi bem mais trabalhoso”, conta o cantor, 42 anos. “Achei que estaria tudo pronto em três meses.” Ele ri. “Nada disso. Foram sete meses.”
A ideia é que as pessoas toquem as músicas e postem as versões no YouTube?
Assim espero. Estou curioso para ver o que vão fazer. Mas, você sabe, o livro é mais um projeto conceitual do que qualquer outra coisa. Não espero que hordas de pessoas corram para aprender a tocar essas músicas.
Você acha que há alguma música de hoje que estará presente daqui a 100 anos?
As que são tocadas em casamentos e acampamentos – quando você junta um grupo de pessoas, é inevitável que elas comecem a cantar “Hey Jude” ou “Free Fallin’”, do Tom Petty. Músicas que entraram meio no consciente do folk.
Há um tipo de sinceridade nessas músicas.
Eu estava conversando com alguém um tempo atrás sobre bigodes. Já percebeu que vivemos o primeiro momento na história em que um bigode não é algo sincero? Em outras eras, não se questionava um bigode. Agora há todo tipo de subtextos. Níveis. Implicações. Acho que talvez, de certo modo, isso se aplique a tudo.
Em termos de cultura pop, o que você curte? Homeland?
Nunca fui de ver muito TV. Mas gosto de Mad Men. Me pediram para fazer uma música tema há alguns anos, mas por alguma razão acabei não fazendo.
Já viu O Mestre?
Não. Mas o Paul Thomas Anderson é um dos meus favoritos. Ele exibiu Embriagado de Amor para mim na casa dele. Ainda acho que na minha mídia ainda não consegui abordar nada como ele faz.
Em 2013, “Loser” faz 20 anos. Você ainda se identifica com as músicas antigas?
Nem sei se eu me identificava com elas na época! Mas já passei da marca dos 20 anos – ela foi gravada em 1991. Quando foi lançada, em 1993, já era velha. O Radiohead tinha acabado de lançar “Creep”, e achei que o conceito já estava ultrapassado.
Você tem trabalhado em canções novas fora estas que vão entrar no livro?
Tenho um punhado que gravei há quatro anos e espero terminar. Não sei se ainda são relevantes.