Eric Clapton fala sobre aposentadoria das turnês e o amor por lavanderias
Brian Hiatt | Tradução: J.M. Trevisan Publicado em 11/04/2013, às 12h15 - Atualizado em 14/04/2013, às 17h41
No ano passado, Eric Clapton se viu com duas semanas livres. Então aproveitou para entrar em estúdio para trabalhar em Old Sock. “Não me vejo como um artista de estúdio”, diz Clapton, 68 anos. “Sou um cara mais de shows. No estúdio, me sinto exageradamente pressionado, temeroso, hesitante, todas essas coisas. É sempre melhor quando você não está particularmente interessado se algo vai funcionar ou não. Você simplesmente vai lá e se diverte.”
Quando você toca um solo, não pode pensar: “Ei, ninguém espera algo do nível Eric Clapton aqui”. Como você lida com essa cobrança?
Boa pergunta. Espero de mim muito mais do que os outros esperam – tenho de conviver comigo mesmo e com o trabalho que já fiz, pesando sobre meus ombros. Mas isso significa que preciso fazer algo que nunca fiz ou tocar mais rápido? Tem a ver com como você se sente – se vem do coração ou se é algo quase canalizado em que vou fundo e dou vazão. Quando ouço o que toquei e digo: “Esse não sou eu. Eu jamais pensaria em algo assim”, aí fico orgulhoso de verdade.
Caras como B.B. King excursionam mesmo no auge dos 80 anos. Seu plano é esse?
A parte do palco é fácil. Se eu pudesse fazer isso na minha vizinhança, seria incrível. Há caras no Texas que tocam só dentro do circuito deles e conseguem se manter. Mas no meu caso o difícil é viajar. E o único jeito de amenizar isso seria injetando muito dinheiro, o que transformaria a turnê em prejuízo. Assim, a ideia é: quando eu completar 70, paro. Não vou parar de tocar ou fazer um show ou outro, mas pararei de excursionar, acho.
Houve um momento consciente em que deixou de tentar compor sucessos pop?
No meio dos anos 80, meu amigo Phil Collins sempre dizia: “Você tem de fazer um clipe. Ninguém sabe como você se parece”. Assim, segui o conselho dele. Aí senti que a MTV não ia durar naquele formato e pensei: “Não quero fazer parte da superfície – quero mesmo ficar mais escondido no momento”. Tentei achar um jeito de continuar sem precisar depender de uma popularidade grande.
Paparazzi tiraram fotos suas em uma lavanderia automática em 2011. O que você estava fazendo lá?
Lavando a minha roupa! Houve um tempo em que as pessoas podiam lavar roupa sem serem perturbadas. Sou muito chato quanto ao modo como minhas roupas são lavadas.
O serviço de lavanderia dos hotéis não é bom?
Ah, cara, eles destroem as coisas, e não gosto porque eles colocam goma. Gosto de secadoras. É um bom modo de voltar à realidade. A primeira coisa que faço quando chego a qualquer cidade norte-americana durante as turnês é procurar uma lavanderia automática.
As pessoas ficam loucas quando veem você?
Se alguém fica descontrolado, eu olho no olho, e isso meio que os acalma. Quando estou esperando minha roupa acabar de lavar, estamos no mesmo patamar. É algo muito humano. Gosto disso.