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A Ilha dos Piratas

Site de compartilhamento de arquivos pretende comprar uma ilha e implantar "anarquia digital"

Evan Serpick Publicado em 01/03/2007, às 00h00 - Atualizado em 01/09/2007, às 19h37

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Os criadores de um dos maiores sites para troca de arquivos na internet estão pensando em uma solução curiosa para seus problemas com a lei: comprar uma ilha e estabelecer uma nação soberana onde o desrespeito aos direitos autorais não seja um crime. "Há tantas coisas que gostaríamos de mudar na legislação atual e nós não somos os únicos", diz Peter (ele se recusa a dar o sobrenome), um dos três suecos que dirigem o Pirate Bay (thepiratebay.org). Criado em 2004, o site oferece acesso livre a uma grande quantidade de mídia, incluindo músicas , filmes, programas de TV e softwares e conta com 5 milhões de usuários fazendo uploads ou downloads a todo momento - quase o dobro do LimeWire, outro site semelhante.

Apesar de o Pirate Bay não hospedar todo esse conteúdo, ele fornece acesso rápido aos "torrents", arquivos grandes divididos em pequenos pedaços e hospedados nos computadores dos próprios usuários. Em 2006, as autoridades suecas invadiram as empresas que hospedavam os servidores do portal e tiraram o site do ar. Três dias depois, ele reapareceu na Holanda. As batalhas legais trouxeram muita publicidade (o faturamento mensal é de US$ 75 mil) e milhões de novos usuários para o site.

Em janeiro, o Pirate Bay anunciou sua intenção de comprar o Principado de Sealand, uma antiga estação de batalha da época da Segunda Guerra Mundial situada em águas internacionais próxima à costa da Inglaterra. Mas o dono de Sealand - que declarou, em 1967, a independência de seus quase 2 mil m2 - disse que não iria vender, por não concordar com a desobediência de leis internacionais. Agora, os administradores do site estão procurando outras ilhas para comprar, entre US$ 50 mil e US$ 10 milhões. Enquanto isso, já conseguiram arrecadar quase US$ 20 mil em doações. "Estamos conversando com empresas que vendem ilhas e temos umas dez que nos interessaram, na Ásia, Europa, Caribe e África", diz Peter, que é consultor de tecnologia durante o dia.

No fórum do site, os usuários já debatem se o novo país deveria ser uma anarquia, um Estado comunista ou uma monarquia. "Isso é uma experiência social", diz Peter. "E se o cara que inventou o alfabeto tivesse protegido sua invenção para que ninguém pudesse usá-la? Você teria que pagar para ele se quisesse escrever qualquer coisa", teoriza. No fundo, dizem os especialistas, as tentativas do Pirate Bay de fundar um novo país podem ser mais efetivas como campanha publicitária do que como estratégia legal. "Se alguém pressionar bastante, há várias formas de impedi-los", diz o advogado Doug Masters, especializado em direito autoral. "Os servidores deles são roteados em outros lugares, e eles terão que conseguir energia elétrica. Não vão conseguir se isolar numa ilha, mesmo se forem os donos da ilha."