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A Paz como Fim

Memória e pacifismo marcam versão 2007 do Festival Roskilde

Bruno Maia Publicado em 17/08/2007, às 14h57 - Atualizado em 31/08/2007, às 17h56

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A multidão lota o Roskilde. Ao fundo, a famosa tenda laranja, marca registrada do festival - Divulgação
A multidão lota o Roskilde. Ao fundo, a famosa tenda laranja, marca registrada do festival - Divulgação

Principal festival da Dinamarca, o Roskilde é famoso não só por sua programação eclética, como também por seu posicionamento político e humanitário. Essa sempre foi uma marca do evento e que acabou manchada por uma tragédia durante o show do Pearl Jam, em 2000, quando nove pessoas morreram esmagadas e pisoteadas. Este ano, Red Hot Chili Peppers, The Who, The Killers, Björk, Arctic Monkeys e Beastie Boys foram alguns dos 150 nomes que passaram pela 37ª edição do festival, entre 5 e 8 de julho na cidade homônima.

Os artistas brasileiros já são freqüentadores do Roskilde há tempos. A primeira a se aventurar por lá foi a cantora Tânia Maria, ainda na década de 1970. Mas a invasão ficou forte a partir de 1988, quando o encontro entre Sting e Milton Nascimento foi o principal show daquela edição. Desde então, nomes como Marcos Valle, Skank, Nação Zumbi, Lenine, BNegão, Ed Motta, entre outros, já se apresentaram. Em 2007, Cansei de Ser Sexy e Bonde do Rolê cumpriram o que se esperava deles. A surpresa foi o alagoano Sonic Junior, que chegou menos badalado e conquistou a platéia. Com a chuva apertando, quem correu para a tenda Cosmopol não se arrependeu. "Eu já estou há dois meses viajando por vários festivais aqui na Europa, mas, sem dúvida, o Roskilde é o ponto alto da turnê. Foi bom demais!", disse o músico Juninho ao fim da apresentação.

"Desde a primeira edição, em 1971, a nossa grande marca sempre foi o pacifismo", explica Thomas Jacobsen, voluntário do festival e indicado pela produção para responder pelo evento. O trauma do acidente de 2000 permanece, e é utilizado para motivar os organizadores a produzir um entretenimento pacífico. "As pessoas pensam que as mortes foram causadas pela violência, mas não é verdade", explica Jacobsen. "Havia chovido, o chão estava enlameado e a platéia se moveu de maneira conjunta. Eles acabaram escorregando e sendo pisoteados. Mas foi um acidente." A partir disso, a organização do Roskilde buscou alternativas simples para melhorar a proteção aos visitantes. "Criamos duas linhas imaginárias nas laterais do palco, uma com postes e outra com árvores, que dão a sensação de que a pessoa já está 'dentro' do show, não precisando se aglomerar. A primeira seqüência de nove árvores de uma dessas linhas é uma homenagem às vítimas", explica.

O festival é produzido e organizado pela Roskilde Foundation, um órgão do município que já funcionava antes da existência do evento, sempre com finalidades assistenciais. Os lucros obtidos são revertidos para as causas apoiadas pela fundação ou para a preparação do festival no ano seguinte. Do público de 100 mil pessoas diárias, 23 mil são voluntários de todas as partes do mundo, como o brasileiro Rodrigo Cerri de Abreu, que mora há cinco anos e meio na Dinamarca e já atuou cinco vezes como voluntário. "Há três anos, eu e amigos dinamarqueses trabalhamos no palco Pavillion", conta. No dia-a-dia, ele trabalha com comércio exterior. No Roskilde, vira roadie. Tudo em nome do rock.