Família, fé e rock and roll: quarteto revela tudo no documentário Talihina Sky
A história do Kings of Leon é tão improvável que as pessoas achavam que era inventada: os três irmãos Followill (mais o primo Mathew, que toca guitarra) foram criados no sul dos Estados Unidos, eram cantores de gospel e foram educados em casa pelo pai, Ivan, um pastor pentecostal itinerante. Como deixa claro o novo documentário da banda, Talihina Sky, era tudo verdade. "Todo mundo tentou contar a nossa história e todos foderam com tudo", diz o líder, Caleb Followill. "Bom, aqui está a porra da história."
Depois que o filme foi exibido no Tribeca Film Festival em abril, Caleb não teve muita certeza se gostou do que viu. "Foi ou a melhor coisa que já fizemos, ou o maior equívoco de nossas vidas", disse. Mas ele estava preocupado com o quê? Para começo de conversa, com a ideia de deixar que o mundo visse as humilhantes gravações caseiras da família Followill, como um constrangedor vídeo com fundo azul, de 1999, que mostra Caleb e seu irmão Nathan (hoje baterista da banda) cantando o standard gospel "When We All Get to Heaven" em uma tentative de se tornar estrelas do country. "Quando Caleb soube que tínhamos isso em mãos, nos deu uma puta bronca", diz o diretor Stephen Mitchell. "Foi o maior obstáculo que tivemos de superar."
"Tínhamos 750 horas de fita - filmagens de shows e vídeos caseiros", acrescenta o produtor Casey McGrath, que recebeu os registros de parentes da banda, além de gravações do início de carreira feitas pelo próprio Nathan. "Na época, pensamos: 'Em dez anos, quando estivermos trabalhando na [rede de lojas] Target, podemos colocar essa fita e mostrar para nossos filhos como costumávamos usar jeans de mulher'", diz Nathan. Em uma cena inesquecível, ele dá uma bronca em Caleb, citando o ego exagerado dele, gritando: "Nós fizemos você, seu merdinha! Você não teria ganhado um centavo se não fosse por nós três!" Em outro momento ainda mais pesado, Ivan se mostra preocupado com a alma de seus filhos: "Não quero dizer que meus filhos vão para o inferno... mas, comparado com o que eu tinha imaginado, é um pouco diferente".
Depois de resenhas entusiasmadas no Tribeca Film Festival, os cineastas estão planejando o lançamento nos cinemas de todo o mundo neste mês (por enquanto, não há previsão para o Brasil). "Há horas em que você nos ama e há horas em que nos odeia", diz Caleb. "Sou um vilão no filme, e, quando chega ao final, não sou mais. É intenso."