Cantora de Nova Jersey transforma angústia frágil em um poderoso folk-pop
“Pirei totalmente”, diz Sharon Van Etten, lembrando-se de sua primeira aparição na TV. Ela tocava “Serpents” e, enquanto começava a dedilhar o violão, sua mente deu um branco. No meio do pânico, ela soltou a palavra “fuck”, e depois de penar, bateu com a cabeça no microfone. O apresentador gentilmente disse que ela podia tocar novamente. “Aí acertamos”, ela diz. Parece que Sharon, 31, precisa passar por alguma dificuldade antes de acertar. Seu primeiro álbum, Because I Was in Love, era a escavação de um relacionamento destrutivo que durou cinco anos. “Foi meu primeiro amor, e isso se transformou em algo nocivo e abusivo”, relembra. Quando os dois terminaram, ela se mudou para o porão dos pais em Nova Jersey, onde escreveu o disco de estreia. “Ouço hoje e penso: ‘Caramba, é intenso!’”
A intimidade da estreia abriu caminho para o excelente terceiro disco, Tramp, um lindo relato folk-pop cheio de momentos desesperados, dos casos de amor de longa distância (“Give Out”) aos ataques de pânico debilitantes (“We Are Fine”), cantados em uma voz ao mesmo tempo suave e firme. Escondendo-se por trás dos curtos cabelos pretos, Sharon diz o que parece óbvio: “Componho como uma forma de terapia”.