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Em disco conceitual, Muse explora o autoritarismo com drones e "volta ao básico"

Lucas Brêda

Publicado em 16/06/2015, às 12h01 - Atualizado às 12h28
Wolstenholme, Matt Bellamy e Dominic Howard, do Muse, se desafiaram no novo disco. - Divulgação
Wolstenholme, Matt Bellamy e Dominic Howard, do Muse, se desafiaram no novo disco. - Divulgação

Quando foi a Vancouver, no Canadá, gravar o sétimo disco da carreira, o Muse tinha uma coisa em mente: despir-se das estripulias do trabalho anterior, 2nd Law (2012). “Não tínhamos como ir além com as coisas eletrônicas sem virarmos um grupo eletrônico”, diz o baixista, Christopher Wolstenholme, admitindo que, por isso, a gravação de Drones foi “mais fácil” que a dos álbuns anteriores. “Já sabíamos o que queríamos fazer: esse rock de três faces, algo que deixamos um pouco

de lado.”

Tal preceito é verificado já no primeiro single do álbum, “Psycho”, cujo núcleo é a guitarra distorcida de Matt Bellamy. “Queríamos nos reconectar com nossos instrumentos novamente”, argumenta Wolstenholme. “Fizemos mais esforço como músicos. Tem diversas linhas de baixo que são desafiadoras de tocar. O mesmo vale para Matt, já que 2nd Law praticamente não tinha guitarras pesadas.”

Mas o que mais chama atenção nas 12 faixas de Drones – que chega às lojas em 5 de junho – é a narrativa a que o título do disco alude: uma sociedade apocalíptica na qual seres humanos são transformados em máquinas sem sentimentos e ordenadas a matar – trata-se de uma exploração acerca do autoritarismo, muito como fez o Pink Floyd em The Wall e Animals. “O conceito é uma metáfora dos psicopatas que estão no comando, no topo das corporações”, elucida o baixista. “O álbum fala da falta de empatia deles, que matam para ter mais influência e fazem uma lavagem cerebral, ‘reprogramando’ as pessoas como ‘drones humanos’ aptos a viver nessa sociedade que eles querem criar.”

O didatismo de Wolstenholme é semelhante às letras de Bellamy. Além da presença de diálogos infiltrados nas canções, o vocalista repete substantivos como “controle”, “comando” e “opressão” por todo o disco. A história que começa com a doutrinação do protagonista tem uma virada por volta da oitava faixa, “Defector”, que declara “liberdade da sociedade”, passa pela excitação de “Revolt” e chega ao fim com os dez minutos de “The Globalist” e as vozes solitárias da faixa-título.

Após divulgar Drones nos festivais do Hemisfério Norte, o Muse dará início às turnês de arena do disco, com shows já marcados em São Paulo e no Rio de Janeiro, em outubro. E Wolstenholme não descarta a presença de drones no palco: “Vamos tentar fazer coisas mais ‘espetaculares’ nesta turnê. O conceito abre muitas possibilidades e drones voando podem fazer parte disso.”