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Água sem Trégua

Com ótimos shows, SWU conserta problemas do passado, mas sofre com outros – especialmente a chuva

Stella Rodrigues Publicado em 09/12/2011, às 12h46 - Atualizado em 26/12/2011, às 14h49

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<b>MOLHADOS</b> A chuva foi constante no terceiro dia de SWU  - MARCELO PEREIRA/DIVULGAÇÃO
<b>MOLHADOS</b> A chuva foi constante no terceiro dia de SWU - MARCELO PEREIRA/DIVULGAÇÃO

A proposta de se ter um festival realizado no interior, com a possibilidade de se acampar, é trazer ao Brasil a experiência que há muitos anos é bem-sucedida em festivais da Europa e dos Estados Unidos. Vale lembrar que os primeiros boatos a respeito da realização do SWU 2010 anunciavam o evento como uma espécie de “Woodstock brasileiro”. A julgar pela quantidade de lama nas roupas dos frequentadores ao final de três dias de festival, o objetivo foi cumprido em 2011.

Foram mais de 70 atrações distribuídas em três palcos e uma tenda e cerca de 180 mil pessoas que passaram pelo Parque Brasil 500, em Paulínia, no interior de São Paulo. Essa equação resultou em um balanço positivo em termos de atrações e diversas das questões estruturais que prejudicaram o bom andamento do festival, no ano passado, foram resolvidas ou amenizadas. Dentre essas, as filas imensas enfrentadas em Itu para comprar comida, por exemplo, que ficaram no passado.

Outras questões, como a dos banheiros químicos e o excesso de lixo nas áreas de acesso, permaneceram sendo problemas não sanados – até faltava espaço nos recipientes de lixo no fim do dia, mas foi possível observar latões ocupados apenas até a metade da capacidade e pessoas jogando resíduos no chão da mesma forma. Esse tipo de reclamação é comum em festivais e esbarra na discussão da (falta de) educação do público, algo que os organizadores podem e devem tentar contornar – mas não evitar. Já críticas aos preços dos alimentos e à grande distância entre os palcos, apesar de comuns à estrutura de eventos desse porte, podem entrar para a lista de itens a serem pensados para a edição 2012 do SWU.

Caco Lopes, coordenador do evento, minimizou quase todas as controvérsias, declarando a edição de 2011 como a “superação de todos os obstáculos” em relação ao ano passado. Eduardo Fischer, idealizador do SWU, afirmou estar “muito feliz pelo festival chegar quase à perfeição”. Eles citaram a redução do número de ocorrências policiais do primeiro para o segundo dia, mas negaram a existência daquela que foi a grande vilã de 2011: a lama.

Em 13 de novembro, dia 2 do festival, os shows tiveram que ser atrasados por causa da forte chuva, desencadeando uma briga entre as produções de duas das atrações, Ultraje a Rigor e Peter Gabriel & The Blood Orchestra. Após resolvida a questão entre as duas equipes, surgiu outro percalço: os instrumentos do Modest Mouse não chegaram em tempo e o grupo foi obrigado a cancelar seu show. O público teve que dançar conforme a música-surpresa que começava a sair de repente das caixas de som, já que poucas informações a respeito das alterações de agenda era anunciadas com antecedência.

A palavra “lama” voltou a ser repetida no terceiro dia, 14 de novembro. Após o desfecho do show sob chuva do Faith no More e ao longo do amanhecer do dia 15, surgiram relatos de pessoas que não conseguiam deixar os estacionamentos oficiais do SWU por conta da grande quantidade de veículos atolados. Guinchos, tratores e máquina de remoção se encaminharam ao local com a função de resolver os problemas (um dos guinchos não deu conta do serviço e acabou atolando também).

A organização do SWU firmou um contrato de cinco anos com a prefeitura de Paulínia para que a cidade sirva de sede fixa para o festival. Porém, de acordo com Eduardo Fischer, a época da realização deverá mudar um pouco em 2012, para fugir do período de chuvas. Isso deverá ajudar a evitar atrasos e conter a lama, que há décadas é uma parceira dos festivais de grande porte, mas que em excesso pode vir a ser perigosa. Ainda não há datas confirmadas, mas a previsão é de que o SWU 2012 acontecerá em algum momento de setembro ou outubro.