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Ainda Acelerando

O primeiro álbum do Metallica desde 2008 é um disco duplo agressivo, “distorcido” e sombrio

Andy Greene Publicado em 19/09/2016, às 12h31 - Atualizado em 24/03/2017, às 17h12

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James Hetfield em um show em Minnesota, nos Estados Unidos, realizado em agosto de 2016

 - Rex Features Via Ap Images
James Hetfield em um show em Minnesota, nos Estados Unidos, realizado em agosto de 2016 - Rex Features Via Ap Images

Há alguns anos, pouco antes de o Metallica começar a trabalhar em um novo álbum, o baterista, Lars Ulrich, recebeu um iPod com 1.650 arquivos de áudio – jams de estúdio, passagens de som, aquecimentos nos bastidores e riffs aleatórios que a banda tinha gerado desde o disco anterior, Death Magnetic (2008). “Gravamos tudo que fazemos”, conta Ulrich. “Comecei a ouvir o iPod e a marcar as coisas que se destacavam. Dizia coisas do tipo ‘o ID 723 é realmente bom’.”

O Metallica construiu músicas em torno desses fragmentos e jams e o processo acabou se provando extremamente produtivo, resultando em Hardwired... to Self-Destruct, trabalho com lançamento previsto para 18 de novembro e que é o primeiro álbum duplo de material original já produzido pelo grupo.

A faixa-título mostra o frontman, James Hetfield, que compôs todas as letras, em um lugar sombrio. “Estamos tão fodidos!”, ele ruge no refrão. “Totalmente sem sorte/Programados para nos autodestruirmos!” Ulrich diz que o restante do disco – incluindo faixas com títulos como “Now That We’re Dead” (“agora que estamos mortos”), “Murder One” (“matar um” ou “assassinato um”) e “Here Comes Revenge” (“aí vem a vingança”) – tem uma visão semelhantemente “distorcida” do mundo. “Há muita coisa bem pesada”, conta, “tudo vindo da mente complicada de James Hetfield”.

O Metallica gravou o álbum no HQ, estúdio da banda em San Rafael, na Califórnia. O trabalho começava na maioria dos dias às 9h da manhã, logo depois de Ulrich e Hetfield deixarem os filhos na escola, e ia até as 15h, quando era hora de buscar as crianças. A banda trabalhou lentamente, fazendo pausas para um disco colaborativo com Lou Reed (o polêmico Lulu, de 2011), além de um filme/ show Metallica:Through the Never (2013), e apresentações frequentes em todo o mundo, incluindo o Brasil, onde esteve pela última vez em 2015, no Rock in Rio. “Voltávamos da estrada totalmente inspirados, revigorados e energizados”, afirma Ulrich. “E levávamos esse tipo de energia para o estúdio. Este álbum provavelmente é um pouco mais punk e levemente menos progressivo do que o anterior.”

O Metallica não percebeu que tinha um disco duplo nas mãos até que se reuniu com seu time de empresários para repassar o material. “No último álbum, dividimos tudo que tínhamos em músicas A e B, e só lançamos as A”, conta Ulrich. “Mas, de uma forma verdadeiramente narcisista, não achamos que tinha nada ruim neste lote todo.”

A banda, que lançará Hardwired... to Self-Destruct pela própria gravadora, a Blackened, não faz uma turnê por estádios dos Estados Unidos desde 2009. Isso vai mudar no começo de 2017, quando o grupo promoverá Hardwired... pelo país. “Eu decido o setlist e com certeza incluirei muitas das novas músicas nele”, afirma Ulrich. “Estamos nos coçando para tocá-las.” Os integrantes do Metallica já são cinquentões, mas desacelerar não está na mente deles. “A única questão é: Será que nosso corpo consegue acompanhar?”, Ulrich pergunta. “Mentalmente, podemos fazer isso por mais 100 anos.”