Cordel do Fogo Encantado volta com novo disco
Dono de uma mística singular e com um fã-clube de devoção religiosa, o Cordel do Fogo Encantado está de volta após oito anos de hiato. O quarto trabalho autoral da banda, Viagem ao Coração do Sol, foi produzido por Fernando Catatau (Cidadão Instigado) e é sucessor de Transfiguração (2006). O álbum traz consigo uma nova fase do grupo, ou seja, uma nova narrativa e um novo espetáculo, o que, segundo o vocalista, José Paes de Lira (ou apenas Lirinha), “sempre foi o principal objetivo” dos integrantes. Lirinha conta que a banda fez questão de manter o sigilo em relação ao retorno, pois, mesmo antes da ideia da reunião, “toda vez que nos viam juntos, começavam especulações de que a banda ia voltar. Era desgastante ter que ficar desmentindo tudo isso, e nos incomodava muito, já que era algo mais ligado ao mercado musical do que à criação artística em si. Então, tentamos fazer de uma forma que não fôssemos conduzidos por isso”. Ele explica também que, com a decisão de reativar o grupo, concretizou-se a necessidade de apresentar aos fãs de longa data algo que fosse “além de um retorno saudoso” e iniciar uma troca com novos ouvintes.
Não são só eles que estão cheios de novidades – a indústria fonográfica, claro, mudou muito ao longo destes anos todos. O artista conta que a relação com as redes sociais foi uma das novidades mais interessantes, já que antes do hiato o Facebook ainda engatinhava e o grupo tinha “duas comunidades bem grandes no Orkut”. Os serviços de streaming de música, então, sequer existiam no horizonte. Nas 13 faixas inéditas que compõem o disco, cada integrante trouxe à dinâmica do Cordel do Fogo Encantado as experiências que viveu durante o período de separação. “Quando saí da banda, dez anos atrás, foi por pura questão artística e desejo de ampliação de elementos harmônicos. Eu queria mergulhar mais no universo da canção, já que o Cordel tem origem na poesia e minhas interpretações eram mais voltadas a declamações. Em Viagem ao Coração do Sol, retornamos para a linguagem de origem e com novas ideias”, finaliza Lirinha.