Na E3, maior feira de videogames dos EUA, o segmento mais rentável da cultura pop revela os jogos mais desejados - e absurdos - dos próximos meses
Wii Music
Wii Nintendo Novembro de 2008
A Nintendo continua aproveitando as propriedades diferenciadas de seu Wii - atualmente, o console mais vendido desta geração. A premissa de Wii Music, criação do produtor popstar Shigeru Miyamoto, é transformar o joystick Wiimote em instrumentos musicais, como um saxofone, uma guitarra, percussões ou mesmo as baquetas de uma bateria. A simulação só é possível graças ao sensor de movimento embutido no controle, que identifica os gestos do músico de sofá e os transforma em informações dos personagens da tela. Deixando a linguagem técnica de lado, é possível realmente se divertir com a banda virtual de Wii Music. Apesar de alguns instrumentos exigirem pouco ou nenhum conhecimento musical - só é preciso balançar o joystick e apertar botões aleatoriamente para conseguir uma simples melodia -, a bateria simulada surpreende pela perfeição com que reproduz as batidas nos pratos e tambores invisíveis.
Guitar Hero: World Tour
Wii / PS3 / X-Box360 /PS2 Activision Outubro de 2008
A franquia Guitar Hero sempre será conhecida como a responsável pela popularização dos jogos musicais. Mas o problema de ser o primeiro é que sempre há concorrentes que melhoram o que já foi feito - no caso, o mais completo e simpático Rock Band. Restou à série aprimorar (ou copiar) o que o rival tem de bom. Em World Tour, as novidades são os modos de simulação de bateria e voz (antes, o jogo só tinha opções de guitarra e baixo). Não é só: há também um modo de composição, no qual é possível ter controle sobre instrumentos, timbres e batidas. Após criadas, as faixas podem ser compartilhadas e tocadas com outros jogadores via conexão online. Outra aposta da Activision são os contratos de exclusividade com as fornecedoras de conteúdo - as bandas. Músicas (e a figura) de Jimi Hendrix estarão no game. Já o Metallica promete o lançamento simultâneo do disco Death Magnetic nas lojas (para ser ouvido) e em Guitar Hero (para ser jogado). Além disso, uma versão do game estrelada pelo quarteto - nos moldes do Aerosmith (leia na pág. 105) - está prevista para 2009.
O Game é o Novo Rock
Os videogames sempre precisaram da música, mas a relação contrária atualmente se mostra muito mais verdadeira - e rentável para ambas as partes. A quantidade e a importância dada aos jogos musicais apresentados na E3 são sintomas de que a simbiose entre as mídias é uma revolução sem precedentes no mercado. Enquanto as produtoras tentam criar a experiência mais fiel à realidade e angariar o melhor repertório possível, entre as bandas, ninguém quer deixar de associar seu nome ao próximo simulador roqueiro do momento, seja no PS3, Xbox 360 ou Wii.
Rock Band 2
Wii / ps3 / x360 / ps2
MTV Games Outubro de 2008
A investida da MTV nos games é recente (Rock Band saiu no fim de 2007), mas a empresa se orgulha de oferecer o maior repertório para os fãs: até o fim do ano, mais de 500 músicas poderão ser baixadas e jogadas em Rock Band 2. A seqüência não traz grandes novidades na jogabilidade, além de uma nova bateria, mais resistente e com teclas maiores (simulando pratos). No repertório, as estréias virtuais de Bob Dylan ("Tangled Up in Blue") e AC/DC ("Let There Be Rock"), além da primeira aparição de uma música de Chinese Democracy ("Shackler's Revenge"), o disco impossível do Guns N' Roses. Para promover o game na E3, a fabricante contratou um show exclusivo do The Who - as músicas da banda, obviamente, também podem ser baixadas e jogadas no game.
Lips
Xbox 360
Microsoft Final de 2008
Jogos de karaokê não são no-vidade, mas Lips traz outra proposta. O game acompanha um par de microfones com sensores de movimento. Enquanto canta, o vocalista ganha pontos se chacoalhar o "instrumento" do jeito certo. Também há a possibilidade de cantar por cima de músicas contidas em um mp3 player ou de juntar seis jogadores (dois cantam e o restante faz percussões). Duffy ("Mercy") e Peter Björn and John ("Young Folks") já estão garantidos no set list.
Rock Revolution
Wii / PS3 / X-Box360 / DS
Konami 2008
Rock Revolution não traz guitarras (os modelos das concorrentes funcionam) nem microfone (a fabricante já possui seu game de karaokê e não quer canibalizar seu próprio produto). O destaque é a bateria de sete peças, que proporciona uma experiência realista, mas bem menos instigante que a de Rock Band. No repertório, covers de Killers e Blink 182 ("Músicas originais encarecem o orçamento", explica a produtora Lauren Faccidomo).
Ultimate Band
Wii / PS2 / DS
Disney Novembro de 2008
"Rock Band para crianças", mas sem instrumentos: air guitar!
Samba de Amigo
Wii Sega Novembro de 2008
O controle do Wii se transforma em um par de maracas.
Sing It
Wii / PS3 / PS2 / pc
Disney Setembro de 2008
Karaokê com músicas das estrelas do Disney Channel.
Violência Pouca É Bobagem
Apesar de os games avançarem para um ambiente mais amigável e festivo - vide o sucesso de jogos casuais, musicais e esportivos -, a oferta de títulos violentos está maior e mais variada do que nunca. Estes, por sua vez, se vêem cada vez mais livres de preconceitos: pobres, ricos, humanos, monstros, aliens e zumbis não são poupados de levar balas, facadas, mordidas e tiros de canhão. E, sem economia, o sangue segue jorrando.
Fallout 3
X360 / PS3 / PC
Bethesda Softworks Outubro de 2008
A expressão do momento nos games é "pós-apocalipse", e nenhum jogo se aproveita tanto desse gancho quanto Fallout 3. Em uma versão devastada de Washington D.C. no ano 2277, o herói - um sobrevivente de uma catástrofe nuclear - tem nas mãos a responsabilidade de definir seu rumo na história e o desenvolvimento de seu caráter. Más decisões podem levá-lo a se tornar viciado em drogas, bebidas e remédios, e o sofrimento para se livrar da dependência chama a atenção pelo exacerbado nível de realismo. "O game reage de acordo com suas ações. Você pode ser um cara do bem, do mal ou qualquer coisa entre isso", define o produtor Todd Howard. Em meio a um excesso de conflitos morais, a história é regada por uma chuva de tiros de todos os calibres, desmembramentos e vísceras espalhadas à profusão. O humor ácido e constante, mesclado a elementos estéticos roubados de anúncios publicitários da década de 1950, equilibra o tema barra-pesada e colabora para tornar a ressaca do apocalipse uma experiência bem mais interessante.
Gears of War 2
Xbox 360
Microsoft Novembro de 2008
Acontinuação do clássico pós-apocalíptico (olha o termo aqui novamente) não economiza na violência explícita e na variedade quase pornográfica de armamentos disponíveis (a motosserra continua sendo a mais prazerosa, tecnicamente falando). O foco principal de Gears 2, porém, está na união fraterna de amigos via conexão online. Dos novos modos cooperativos, o destaque é o interessante "Horde", no qual cinco guerreiros enfrentam massas intermináveis de inimigos grotescos enquanto tentam proteger uns aos outros. É o fim do mundo como o conhecemos, e também o de sua vida social.
Mercenaries 2: World in Flames
X-Box360 / PS3 / PC / PS2
Electronic Arts Agosto de 2008
A Venezuela (ou uma versão estilizada dela) está em chamas: conflitos por petróleo causados por um presidente ditador transformaram o país em uma zona de guerra em frangalhos, onde leis não funcionam e só os fortemente armados sobrevivem (de onde será que veio a inspiração para um enredo desses?). Na pele de um mercenário contratado para colocar ordem na casa, o jogador precisa cumprir missões impossíveis sem nenhuma preocupação em ser sutil. Com um ridículo de tão vasto repertório de armas e veículos à disposição, a tarefa de destruir irrestritamente se torna das mais divertidas, principalmente para os mercenários mais superativos e cheios de energia para gastar.
Left 4 Dead
X-Box 360 / PC
Valve Novembro de 2008
A melhor definição para Left foi feita por seu próprio criador, o nerd milionário e excêntrico Gabe Newell: uma versão do tiroteio preciso e em família de Counter-Strike (o responsável pela popularização dos games online), temperada com uma comunidade organizada de mortos-vivos típicos dos filmes de George Romero. A cooperação entre jogadores armados até as unhas, combinada a uma ambientação típica de cinema de horror, faz deste um sucesso provável entre os viciados em lan houses.
Call of Duty: World at War
Wii / X-Box 360 / PS3 / PC
Activision Novembro de 2008
A série de simulação de guerra mais popular da atualidade ganha nova versão, que oferece ao jogador o controle de uma tropa de soldados norte-americanos (ou russos, dependendo de sua posição ideológica) em pleno calor da Segunda Guerra Mundial. A preocupação com a fidelidade se estende não só à ambientação dos campos de batalha, mas também às variadas opções de arsenal (o lança-chamas parece ótimo) e a uma imparcial reconstituição dos fatos, que assemelham o jogo a uma boa aula de história interativa. A dublagem de Kiefer Sutherland (o Jack Bauer, de 24 Horas) evidencia outra alardeada tendência do mercado, que é a participação de astros de Hollywood emprestando suas vozes e figuras aos personagens virtuais.
Far Cry 2
PS3 / X-Box360 / PC
Ubisoft Outubro de 2008
A principal característica de Far Cry 2 é o exagero: o game oferece a possibilidade de exploração livre em 50 quilômetros quadrados de cenários africanos ricamente detalhados. É permitido encarar inimigos no combate corpo a corpo, dar cabo dos vilões com disparos a longa distância ou simplesmente passear escondido e apreciar a absurda vegetação nativa. O nível de realismo e imersão, raramente visto em games parecidos, pode ser acompanhado também no nível da inteligência (artificial) dos inimigos controlados pelo computador, que se comportam quase como soldados de verdade (inclusive com horários para se alimentar, dormir e ir ao banheiro).
Resident Evil 5
PS3 / X-Box 360
Capcom Março de 2009
Em seu quinto episódio, a onipresente série de terror interativo também aposta na cooperação para arejar um enredo já bastante depreciado: o combate a um vírus criado em laboratório que transforma os contaminados em zumbis famintos. Talvez porque se aventurar sozinho seja uma experiência por demais opressiva (os games anteriores que o digam), a produtora japonesa Capcom investiu pesado em um novo modo de parceria remota entre dois jogadores. Lado a lado (via conexão online), a dupla enfrenta grupos de mortos-vivos desnutridos e outras criaturas menos amigáveis em um país africano em pedaços. O apuro gráfico dos cenários e mutilações funciona como um irrecusável convite a sensações desagradáveis (durante a partida) e inevitáveis pesadelos (depois).
Resistance 2
Playstation 3
Sony Novembro de 2008
A Terra está em perigo e você é a única esperança. Típico.
Postal III
PS3 / X-Box 360 / PC
Akella 2009
A série politicamente incorreta supera os limites do mau gosto.
Killzone 2
Playstation 3
Sony Fevereiro de 2009
Tiros, explosões e destruição no remoto planeta Helghan.
Silent Hill: Homecoming
X-Box 360 / PS3 / PC
Konami 2008
Sustos irritantes, monstros nojentos e espíritos zombeteiros.
Dragon Age: Origins
PC
BioWare 2009
RPG com batalhas épicas chupadas de O Senhor dos Anéis.
Dead Space
X-Box 360 / PS3 / PC
Electronic Arts Outubro de 2008
"Horror de sobrevivência" deixou de ser uma característica dos games de terror para se tornar um gênero independente e recheado de boas idéias. Na contramão dos jogos atuais, Dead Space não traz modo para múltiplos jogadores, concentrando sua experiência nas desventuras de um homem só em uma espaçonave recheada de alienígenas mal-humorados (com direito a combates em gravidade zero e ecos óbvios de Alien: O Oitavo Passageiro). Para dar cabo das criaturas, o herói deve desmembrá-las com tiros precisos e um tanto de criatividade. A visão em terceira pessoa, a ambientação claustrofóbica e a sangreira desatada típica de um dia agitado no IML fazem Dead Space lembrar muito um clone espacial de Resident Evil, mas é só na aparência. Por baixo das vísceras, se esconde um jogo dos mais originais.
Nunca É Estranho Demais
Games de tiro, aventura e esportes existem aos milhares e saturam um mercado que clama constantemente por inovações. Desafiados a ir além, designers se esforçam para vencer limites, gêneros e convenções. O resultado dessa superação às vezes é algo difícil de ser descrito em imagens, quanto mais em palavras.
You're in the Movies
Xbox 360
Codemasters 2008
A idéia é manjada, mas não há quem não pare para olhar: uma câmera portátil (que acompanha o game) capta a imagem do jogador e a insere em um contexto cinematográfico com cenários kitsch. Em seguida, é preciso superar desafios, gesticulando e pagando mico frente à tela da TV. O resultado é editado e se transforma em um curta-metragem que pode ser distribuído para os amigos via internet.
Animal Crossing: City Folks
Wii
Nintendo Novembro de 2008
Correndo na direção contrária das concorrentes, a Nintendo foca sua munição no público desinteressado por grandes emoções. Em City Folk, o jogador curte a vida em uma vila habitada por animais simpáticos, realizando tarefas singelas como colecionar fósseis e decorar a sala. Quando se sentir sozinho, é só usar o microfone WiiSpeak (vendido em separado) para conversar com jogadores de cidades vizinhas, via conexão online.
MAG: Massive Action Game
PlayStation 3
Sony 2009
Quanto mais, melhor: MAG (sigla para "game de ação maciça") se propõe a juntar 256 jogadores simultâneos em um mesmo combate online no PlayStation 3. Divididos em oito esquadrões, os soldados devem criar táticas militares conjuntas enquanto tentam se localizar na tela, perdidos em meio a tantos personagens parecidos. Será revolucionário, isso se funcionar direito.
Wii Sports Resort
Wii
Nintendo Março de 2009
Aproveitando-se das propriedades únicas do joystick do Wii, a Nintendo prossegue com sua bem-sucedida série esportivo-interativa. As modalidades da próxima versão, singelamente batizada Resort, são mais frugais: frisbee, esgrima, jet ski, entre tantas outras. O game deve acompanhar o acessório Wii MotionPlus, que quando encaixado na parte inferior do controle proporciona uma experiência de interação ainda mais realista.
Mortal Kombat Vs. DC Universe
Xbox 360 / Playstation 3
Midway Novembro de 2008
A união de dois universos tão distintos tinha que acabar em briga. Como o nome dá a entender, o game coloca frente a frente personagens de duas franquias que jamais tiveram qualquer relação entre si, e sem nenhuma economia na violência. Batman quebrando a espinha de Sub-Zero? Scorpion dando um fatality no Flash? Por mais que pareça esquisito, a mistura acaba por fazer sentido.
What's Cooking?
Nintendo DS
Atari Dezembro de 2008
Um autêntico livro de receitas virtual, que permite ao mestre-cuca preso dentro de você inventar pratos e simular ações corriqueiras de uma cozinha, como quebrar ovos, salpicar temperos e mexer massas de bolo (graças à precisão da tela sensível do Nintendo DS). O chef britânico Jamie Oliver empresta seu nome ao jogo e dá uma força, com dicas em áudio carregadas de seu indefectível sotaque.
Flower
PlayStation 3
Sony 2008
Um simulador de... pétalas de flores voando ao vento. Sério.
SimAnimals
Wii
Electronic Arts
Janeiro de 2009
Conforme o nome indica, um The Sims estrelado por animais.
Rayman Raving Rabbids TV Party
Wii
Ubisoft Novembro de 2008
Coelhos histéricos, piadas sem graça e jogabilidade interativa.
Fat Princess
PlayStation 3
Sony 2008
Fofo (literalmente), sangrento e politicamente incorreto.
Spore
PC Electronic Arts
Setembro de 2009
Will Wright é inegavelmente o mais criativo e bem-sucedido designer de jogos do mundo ocidental. São de sua autoria um dos títulos mais influentes de tempos passados, o simulador de cidades SimCity, além do game mais famoso desta época, The Sims, um simulador humano que agrada sem distinção de sexo e faixa-etária. A premissa de Spore é semelhante, ainda que um tanto mais megalomaníaca. No início, o jogador controla um simplório organismo unicelular em luta por sobrevivência em ambiente submarino. A tomada de decisões corretas conduz à evolução e à migração para a terra, onde o ser se desenvolve, se reproduz, entra em guerra com outras civilizações... até deixar o planeta natal para conquistar outras regiões da galáxia. E isso é só um resumo sucinto da história.
Em desenvolvimento há mais de cinco anos, Spore não pára de assombrar por suas possibilidades infinitas de interação e de estímulo à criatividade. Que vai virar sucesso, não resta a menor dúvida. A grande questão da indústria é saber qual será o próximo passo adiante de Wright.
LittleBigPlanet
Playstation 3
Sony Outubro de 2008
Mais uma ferramenta de customização do que propriamente um game, LittleBigPlanet estimula a criatividade usando como porta-voz um inofensivo e singelo boneco de estopa. A partir das habilidades do diminuto herói (que pode ser criado ao gosto do freguês), o jogador é convidado a construir seus próprios desafios interativos, estágios e quebra-cabeças, que podem ser mais tarde jogados e compartilhados com outros usuários de todo o mundo através da rede online do PlayStation 3. Apesar do visual infantilóide e da premissa aparentemente trivial, o nível de desafio é elevado e deve agradar os jogadores experimentados, enquanto os novatos irão se identificar com o estilo "vale-tudo" e descompromissado.