Frank Ocean, o integrante mais inventivo do Odd Future, prepara seu voo solo mais ousado
O telefone de Frank Ocean vibra – é uma mensagem automática pedindo que ele crie uma senha para a secretária eletrônica digital. Ele franze o cenho: “Quem usa voicemail?” Em certos aspectos, o cantor e compositor é um legítimo representante de sua geração: aos 23 anos, prefere mensagens de texto; é parte de um grupo que assusta pais zelosos, o Odd Future; e acha antiquadas as distinções de gênero. A mixtape dele, lançada em fevereiro passado, Nostalgia, ULTRA, mistura excentricidades e soul com sintetizadores e samples de Coldplay e “Hotel California” (do Eagles). Pessoalmente, Ocean - vestido discretamente com uma jaqueta preta e amassada do exército - tem fala mansa, e rapidamente expõe seu amor pelo clássico da animação japonesa Dragon Ball Z.
Apesar da idade, ele diz ter uma alma velha: tem máquinas de escrever vintage e está reformando um BMW 1989. Ele começou compondo músicas para John Legend e Justin Bieber e, depois que emplacou um sucesso inesperado com “Novacane”, faixa influenciada pelos anos 80, trabalhou com Beyoncé, Jay-Z e Kanye West. Ocean descreve seu album de estreia como artista solo, ainda em produção no momento, como do tipo ambicioso, com partes ao estilo gospel e outras orquestradas. “Estou tentando fazê-lo realmente caro”, diz, sorrindo.
O que faz a diferença em Frank Ocean, além da simplicidade de suas frases e da expansividade sonora, é a imaginação dele: as músicas estão cheias de vinhetas envolvendo espaçonaves, tornados indoor e sexo hippie ao ar livre. Ele é fã de Stanley Kubrick e de Steven Soderbergh. “Se eu conseguir fazer na música o que eles fizeram no cinema, contar aqueles tipos de histórias? É isso o que quero fazer”, ele diz.