Nossos hermanos caminham sobre terreno explosivo; confira a situação de países latinoamericanos que têm minas em suas terras
Argentina
Signatária do Tratado de Ottawa desde 1997, ainda não conseguiu (juntamente com a Inglaterra) desminar as ilhas Malvinas/Falklands - entre 16 e 20 mil minas permanecem enterradas. Possui ainda diversos pontos minados na fronteira com o Chile.
Bolívia
Minas improvisadas (cazabobos) foram usadas por produtores de cocaína na região do Chapare entre 2002 e 2003. Acredita-se que existam mais de 196 mil minas plantadas pelo exército chileno na fronteira entre os dois países. Foram registrados apenas quatro acidentes desde 1995, com três mortes.
Chile
Produtora e ativa no comércio internacional de minas, a ditadura Pinochet minou boa parte de suas fronteiras com Argentina, Bolívia e Peru. Uma estimativa do exército em 2003 aponta mais de 123 mil minas em 180 campos com um total de 23,5 km2. Em 2006, pelo menos 116 mil continuavam no solo, a maior parte em regiões remotas nas montanhas. Houve cerca de 155 vítimas nos últimos dez anos.
Colômbia
Campeã mundial em novas vítimas por ano, segundo o Landmine Monitor, com 1.112 pessoas feridas ou mortas apenas em 2005. Em 2006, foram 1.106 vítimas, destes 226 mortos e 880 feridos - 66 eram crianças. Dos 32 estados colombianos, 31 possuem áreas minadas. Todos os grupos armados do país - exército, guerrilhas e paramilitares - utilizam minas, incluindo o governo, signatário do Tratado de Ottawa. É o único país das Américas em que novas minas ainda são plantadas. Até 1º de outubro de 2007, foram, oficialmente, 680 vítimas no ano, com 149 mortos e 531 feridos.
Cuba
Como os Estados Unidos, se recusa a assinar o tratado. Em 2003, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que "o país continua a utilizar minas antipessoal com o objetivo exclusivo de manter a defesa e a segurança de seu território". Os campos minados conhecidos cercam toda a base norte-americana de Guantánamo, no sudeste da ilha, e teoricamente estão bem sinalizados. Não há notícias de outros locais afetados.
Equador
Uma longa disputa territorial com o Peru, e um breve conflito em 1995, plantaram mais de 90 mil minas na fronteira entre 1994 e 1998, na região da Cordilheira do Condor. O governo equatoriano diz que em 2006 havia 6.905 minas em pelo menos três províncias do país (Zamora Chinchipe, Morona Santiago e Loja). A OEA registrou 19 vítimas civis entre 1981 e 2004. O Landmine Monitor informa mais sete casos em 2004.
El Salvador
Conflito entre as tropas do governo e a guerrilha da Frente Farabundo Marti para la Liberación Nacional (FMLN) espalhou mais de 20 mil minas entre 1980 e 1992. Com o fim da guerra civil, as duas tropas se juntaram para limpar os 425 campos minados, e desde 1994 o governo diz que o território está limpo. Contudo, em 2005, pelo menos duas crianças foram feridas e duas mortas em acidentes com minas terrestres e explosivos remanescentes de guerra. Registram-se 2.874 sobreviventes de minas no país.
Guatemala
O uso de minas foi bastante restrito nos 36 anos de guerra civil. Não existem relatos de vitímas desde a assinatura do tratado de paz em dezembro de 1996. O único grande campo minado conhecido fica ao redor do vulcão Tajumulco e foi plantado pela Unidade Revolucionária Nacional Guatemalteca (URNG) para proteger uma torre de rádio. Em 2005, equipes de desminagem encontraram 23 minas, mas tiveram de parar suas atividades por falta de verbas.
Honduras
Um número indeterminado de minas foi plantado em território hondurenho por combatentes durante os conflitos na Nicarágua e em El Salvador nos anos 80. O exército registrou 27 vítimas de minas entre 1984 e 1997, incluindo 19 civis, dos quais oito morreram. A última vítima militar no país foi um oficial brasileiro que trabalhava numa missão internacional de desminagem e perdeu uma perna em maio de 1997. Depois disso, foram registrados mais dois acidentes com civis, um em março de 2001 e o mais recente em novembro de 2005, quando uma mulher de 30 anos foi morta na região de El Paraiso.
Nicarágua
Conflito entre o exército Sandinista e a guerrilha dos Contra (armados e financiados pelos EUA), de 1979 a 1990, plantou centenas de milhares de minas no país. Somente pelo exército, foram plantadas mais de 135 mil. Entre 1980 e 2006 foram registradas 985 vítimas de minas e munições não detonadas, sendo 946 civis (267 crianças e adolescentes) - 82 morreram. De 2006 para 2007, mais sete civis foram atingidos - dois deles morreram. Oficiais brasileiros trabalham em desminagem no país desde 1993.
Peru
As duas principais áreas afetadas pelas minas no país são a fronteira com o Equador, que foi alvo de conflitos entre os dois países em 1941, 1981 e principalmente 1995 (quando cerca de 150 mil minas foram plantadas segundo a Associação Latino Americana de Direitos Humanos), e os campos em torno de 1.711 torres de transmissão de energia elétrica que cortam a nação. São 302 vítimas registradas oficialmente nos últimos 15 anos - pelo menos 49 pessoas morreram, incluindo vários oficiais de desminagem. Na primeira metade de 2006, seis pessoas foram mortas e cinco feridas (oito eram crianças) em um acidente de desminagem e três incidentes com explosivos remanescentes de guerra.
Venezuela
Comprometeu-se em 2005 a limpar os seis campos minados que protegem instalações da marinha ao longo da fronteira com a Colômbia, onde teriam sido plantadas 1.073 minas. Mas em 2007 o governo admitiu que não teria ainda pessoal qualificado e equipamento necessário para o trabalho. Oficialmente existem dois militares feridos. nesses campos.