Mariana Aydar cria obra minimalista no DVD Pedaços duma Asa
Tudo começou com o convite do produtor Marcio Debellian, que desenvolvia o projeto Palavras Cruzadas, unindo música e artes plásticas. Ao ser convidada para participar, Mariana Aydar teve a ideia de interpretar músicas compostas pelo também artista plástico Nuno Ramos. Dessa aproximação surgiu o quarto disco da cantora paulistana, Pedaço duma Asa, lançado em 2015, e, agora, um DVD de mesmo nome, com registros de shows realizados entre 2014 e 2016. “Foi uma paixão que passou longe de qualquer estratégia de carreira, veia comercial ou decisão racional”, Mariana explica.
Além do conteúdo do CD, o DVD dirigido por Simone Elias vem enriquecido com mais cinco canções, entre elas “Samba da Brisa”, “Vem na Voz” e “A Flor e o Espinho”, esta de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Dois clipes em preto e branco das canções “Samba Triste” e “Saiba Ficar Quieto”, lançados anteriormente, completam o material.
Nas faixas do projeto gravadas ao vivo chama atenção a excelência da instrumentação mínima, composta somente por contrabaixo, guitarra, cavaquinho e percussões, ao lado da qual a voz de Mariana funciona como a harmonia no conjunto. Elas contam com a participação de músicos como Duani (percussão, baixo e cavaquinho) e Letieres Leite (flauta), entre outros.
“Esse é um disco muito forte para mim”, ela afirma, sobre Pedaço duma Asa. “Ele veio depois que virei mãe. Isso me transformou em todos os sentidos, me deu coragem, garra, aberturas. Foi quando senti que realmente tinha virado mulher, pois sempre me achei muito menina.”
O conteúdo do DVD, que poderia ser descrito como uma obra de arte minimalista, traz ainda bastidores de ensaios, depoimentos de Nuno Ramos e Marcio Debellian e, em tom confessional e altamente emocional, uma conversa entre Duani e Mariana que acaba por revelar o alto grau de doação envolvido no trabalho – junto por mais de dez anos, o casal se separou durante a produção do registro. “Tudo isso está documentado, tanto nas palavras quanto nas emoções, choros, risos, na minha voz, no meu corpo, solidão, coragem”, ela diz. “Foi muito difícil o processo da separação, e a arte é tão linda e tão misturada que me ajudou a transformar tudo isso.”