Realizado em uma ilha em Budapeste, o Sziget preserva o espírito dos grandes festivais
Pense em festivais de música europeus e sua imaginação dificilmente conseguirá ir além da dicotomia banhos na lama de um lado e paraísos mercadológicos para empresas de celulares, cervejas e cartões de crédito em campos floridos de outro. Realizado entre 6 e 12 de agosto na ilha de Óbuda, no lado húngaro do rio Danúbio, um paraíso verde de 108 hectares no norte de Budapeste, o Sziget Festival conseguiu se estabelecer ao longo da última década como uma das poucas opções de festival na Europa onde jovens de 20 e poucos anos ainda podem ter um gostinho do libertário, mas com a organização e estrutura de um verdadeiro butique-festival. Nele é possível entreter-se com todo o tipo de manifestação artística e expressão hedonista espontânea por horas a fio, antes mesmo de colocar os pés em qualquer show musical.
“Quando o comunismo acabou, a juventude ficou sem os acampamentos de verão. Vimos nisso a oportunidade de criar algo novo. Nós não tínhamos referência dos festivais europeus. Então, tivemos de inventar o nosso próprio”, diz Károly Gerendai, fundador do Sziget, que dá o mesmo peso para headliners e atrações circenses, performances teatrais, stand up comedy, uma praça esportiva e até uma praia artificial.
Embora marcada por quatro décadas de regime comunista, a Hungria é atualmente um país capitalista como qualquer outro da Europa Ocidental. Sinal disso é que grandes marcas emprestam os nomes aos palcos principais e estampam logotipos em barracas e banners. O orçamento de ¤10 milhões garantiu os fundos necessários para uma seleção de headliners relevante. A festa dura sete dias, mas as principais atrações sobem ao palco do Pop Rock Main Stage de quarta a domingo. No primeiro dia, Nick Cave apresentou as músicas de Push the Sky Away. Na sexta, o Blur fez o show de “greatest hits” que os brasileiros irão conferir em novembro, no Planeta Terra. Também se apresentaram Franz Ferdinand, Regina Spektor, Dizzee Rascal, Mika e David Guetta. Enquanto isso, na tenda independente A38, para 5 mil pessoas, apresentaram-se nomes como Bat for Lashes, Little Boots, Peter Bjorn & John, The Cribs e Tame Impala.