Espécie de sobrinha de “Politicar” (Tom Zé), a canção tem arranjo grandioso, linha de baixo marcante e percussão que convida a dançar. Um belo cartão de visita para a carreira do cantor.
Mesclando momentos de euforia e tranquilidade, O Terno cria um autêntico retrato de São Paulo com a linguagem simples e atualizada do vocalista Tim Bernardes, uma das características mais fortes do trio.
A percussão incessante e repetitiva da faixa dá o tom da violência urbana crescente musicada pelos Titãs. Uma faixa certeira que expressa com precisão o estado deplorável
desta babilônia.
Se você ouviu o nome de Jaloo ligado ao rótulo “tecnobrega paraense”, esqueça. Produzido por Carlos Eduardo Miranda, esse tecnopop em midtempo mostra o potencial
do cantor para além de fronteiras geográficas.
Juçara intercala doçura e agressividade em um mar de sentimentos à flor da pele. Em “Ciranda do Aborto”, tudo é intenso e dolorido. Causa desconforto e estranheza, mas ainda é extremamente bela.
As alfaias cedem espaço para a guitarra dedilhada de Lúcio Maia em “Um Sonho”, que se sobressai pela singeleza sonora e pela letra inspirada no livro Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (Philip K. Dick). Fantasia onírica e realidade lado a lado.
A parceria com Tulipa Ruiz rende uma resposta inteligente a um bullying de internet. Com o verso “Lázaro, alguém nos ajude a entender”, Criolo dá a volta em quem zombou do discurso dele, enquanto destila versos com cheiro de ironia à onda da ostentação.
Mallu avisa que não está a fim de fazer social neste rock sessentista, embalado por guitarras que lembram a surf music. Exalando maturidade, ela evoca algumas de suas heroínas: Nara Leão, na malemolência serena, e Rita Lee, na provocação desbocada.
Alice coloca a alma na voz ao discorrer sobre uma desilusão amorosa tão profunda quanto as narradas no cancioneiro brega. Som orquestral e um solo de saxofone enriquecem o panorama: é para expurgar o sofrimento, e depois erguer a cabeça no último acorde.
A expectativa era alta quando o Racionais liberou na internet a música “Quanto Vale o Show”, primeiro single de Cores e Valores. Se ainda não era possível saber o que esperar do novo disco, a faixa deu algumas dicas: começa com uma batida de pandeiro, traz o sample da guitarra de “Gonna Fly Now”, tema de Rocky – O Lutador, e tem a voz de Silvio Santos no curto refrão. O Racionais vinha para a briga preparado para chamar atenção. A cena do rap deu um giro de 360 graus nos 12 anos em que a produção de álbuns inéditos do grupo fi cou parada. Apesar da pausa, os integrantes se mantiveram ampliando o alcance das batidas em projetos solo e trazendo novas referências. Agora soul, samba e funk fazem parte de vez da equação. Sobre os beats produzidos por DJ Cia, do RZO, e por ele próprio, Mano Brown lembra a adolescência e a entrada no universo do hip-hop. Se “83 era legal”, como diz Brown na letra, 2014, ao menos para o Racionais, foi revolucionário e surpreendente.