“É quase inimaginável que 65 milhões de anos atrás essas coisas andavam pela Terra – e temos provas. Senão, não acreditaríamos.”, diz o ator de Reino Ameaçado
Para quem não acha muito boa a ideia de um parque cheio de animais do tamanho de prédios – ainda mais aqueles geneticamente modificados, como em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015), de Colin Trevorrow –, Chris Pratt avisa que seria o primeiro na fila, a despeito do histórico da série. “Meu filho amaria ver isso, imagine, dinossauros de verdade! Nós vamos a zoológicos e ao Museu de História Natural, vamos a exibições de répteis. Não é tão diferente, eu acho. Claro que eles são muito maiores, então precisamos levar isso em conta”, ri o ator, durante um bate-papo com a Rolling Stone em Los Angeles. É bem provável que o ator esteja apenas vendendo o peixe, no caso, a sequência Jurassic World: Reino Ameaçado, dirigida pelo espanhol J.A. Bayona. Mas ele faz de forma tão simpática, meio com o jeito de Andy Dwyer, seu personagem na série Parks and Recreation, que é impossível não acreditar. Como quase toda criança, o filho dele, Jack, de 5 anos, fruto do casamento de Pratt com a também atriz Anna Faris, de quem se separou no ano passado, é fascinado pelos bichões. Mas o próprio ator não esconde que fica maravilhado com eles. “É quase inimaginável que 65 milhões de anos atrás essas coisas andavam pela Terra – e temos provas. Senão, não acreditaríamos.”
Depois da tragédia do longa anterior, quando um punhado de turistas acabou devorado, era de esperar que todos deixassem a ilha quieta. É o que fazem – por quatro anos. Aí, os deuses de Hollywood entram em ação, ameaçando a ilha com um vulcão. Owen Grady, o domador de dinossauros interpretado por Chris Pratt, está bem sossegado vivendo no norte da Califórnia. O relacionamento dele com Claire (a gerente do parque vivida por Bryce Dallas Howard) não deu em nada. “Eles perceberam que não eram compatíveis ou algo assim – nós fazemos alusão ao que aconteceu.” Só que Claire, agora integrante de uma organização de proteção dos dinossauros, vai procurá-lo, propondo resgatar os animais. Obviamente ela vai convencê-lo – ou não haveria filme. Se você pensou: “Mas por que raios alguém vai querer salvar esses bichos?”, não pensou sozinho. “A ideia de salvar os dinossauros, no mundo que criamos, é bem impopular, o que é demonstrado pelo Congresso decidindo não liberar verba para o resgate”, diz o ator, que completou 39 anos no dia da estreia do filme no Brasil, 21 de junho. “Mas Claire quer fazer o que o coração manda.”
Pratt tem uma relação próxima com os animais. Cresceu em Lake Stevens, no estado de Washington, em meio à natureza. “Sempre gostei de ficar ao ar livre.” Recentemente, virou fazendeiro, tem um rancho onde cria ovelhas, principalmente para extração de lã, e planta figos, maçãs, ameixas, legumes e verduras. “Podemos aprender tanto com a fauna: o ciclo da vida, compaixão, carinho, preocupação, cuidado, orientação. Amo ficar na minha fazenda, ensinando a meu filho essas lições valiosas, porque acho que a atenção é importante quando se trata do que comemos, do que vestimos ou dos bichos que estão à nossa volta.” Quando ele está lá, coloca a mão na massa. “Entro em um estado zen. É um tipo diferente de trabalho para mim. Não importa minha aparência, não tenho de dizer nada. Posso simplesmente trabalhar. Então, é um bom respiro para mim.” Mas faz questão de registrar uma ressalva: “É um luxo, porque não tenho de fazer o tempo todo. Posso aparecer e fazer só o que quero. E quando não quero mais simplesmente vou para casa. Tenho pessoas muito atentas, conscientes e talentosas gerenciando tudo para mim”. Desde que se tornou fazendeiro, a forma como o ator se relaciona com a comida melhorou. “Tirei uma alface da horta e comi e foi a primeira vez na minha vida que não vi uma verdura como um recipiente de molho de salada”, ri. E isso ajuda na hora de manter o físico – Pratt perdeu muitos quilos desde seus dias de Parks and Recreation para se tornar um dos astros mais requisitados nos filmes de ação. “Eu recomendo a todos tentar plantar algo, ver crescer e depois comer. É inacreditável. Não sei, talvez eu só esteja me tornando um velho chato. Hoje como três folhas de verdura e fico saciado.”
Analisando as mudanças físicas pelas quais passou, ele reflete sobre se tornar um objeto de desejo graças à aparência e como isso faz parte do trabalho, mas ressalta que não pode dizer que sabe como isso é para as mulheres – e elogia os movimentos como Time’s Up. “Espero que a mudança continue. Estou só assistindo a essas mulheres incríveis fazendo isso acontecer.” Sabe que é hora de ouvir e entender o outro lado. Gente boa, sem frescura, espontâneo, consciente dos nossos recursos e atento ao sexo oposto: assim é Chris Pratt, um astro para este século.