Mallu enfrenta críticas enquanto retoma carreira solo com álbum feito “para fora”
‘‘Não há quem segure a coragem dos meus 24”, canta Mallu Magalhães em “São Paulo”, faixa presente em Vem, primeiro disco solo dela em seis anos. Apesar de posicionada no fim da tracklist, a canção representa bem as intenções de Mallu no registro: fixar a relação com a música brasileira, um instrumental recheado (de batuques a metais) e uma imposição lírica e vocal oposta à introspecção cativante de Pitanga (2011). “Queria fazer um disco bem mais para fora e para o mundo do que eu já tinha feito”, admite ela. “Apesar de as músicas não serem rock, são ‘para fora’, com essa roupagem elaborada.”
Aos 24 anos, a cantora chega ao novo trabalho depois do nascimento da filha dela com o também músico Marcelo Camelo. “Entrei para gravar e foi tudo adaptado, porque a Luísa ainda era pequena”, explica, justificando o tempo passado entre Pitanga e Vem. Camelo assinou a produção novamente. “É sempre nós dois, trabalhamos muito juntos. Tem música que eu imagino teclado, baixo, e ele fala: ‘Imagina uma cuíca?’ O que acontece é que 90% das vezes eu gosto das ideias dele.”
Com Vem, mais especificamente o clipe de “Você Não Presta”, Mallu reencontrou a ira da internet e enfrentou acusações de racismo e apropriação cultural pela maneira como pautou a participação de bailarinos negros. “Fui acompanhando os comentários e desdobramentos”, confessa. “Fiquei muito chateada, muito abalada. Fica óbvio ver quem tem uma birra e quem se sentiu ofendido. A mim interessam as pessoas que têm fundamento e se sentiram ofendidas, e aí levantaram uma discussão importante. Nunca foi minha intenção [ofender], por isso estou em paz comigo.”
Dias depois desta entrevista, antes de performance no programa Encontro, da Globo, ela disse: “Essa é para quem é preconceituoso e acha que branco não pode tocar samba”. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa de Mallu informou que ela não iria comentar o episódio.