Ben Harper se junta ao Relentless7 para fazer rock pesado e blues de raiz
Ben Harper tem uma banda nova - o Relentless7. E a sonoridade também é nova no disco On White Lies for Dark Times. O Relentless7 - Jason Mozersky na guitarra, Jordan Richardson na bateria e Jesse Ingalls no baixo - traz o lado pesado de Harper em canções que remetem a Jimi Hendrix, Rolling Stones e Queens of the Stone Age. "É rock puro e sem mensagem", explica o músico.
Como você se sentiu começando do zero com uma banda nova?
Me senti colocando as rodinhas de apoio de volta na bicicleta e me conectando com a essência da música. Músicos de verdade julgam uns aos outros pelo som e pelas letras, não por quantos discos de ouro cada um tem. Nós deixamos todos os nossos êxitos de lado.
Tocando com gente nova o seu modo de tocar guitarra mudou muito?
Eu reaprendi meu instrumento com essa banda. O Jason Mozersky é incrível. Isso tudo me pegou de surpresa. Eu estou treinando de novo, ensaiando no quarto do hotel. Eu tenho estudado escalas!
Quem são os caras que unem vocês?
O Jason, que é texano, tem o Stevie Ray Vaughn como referência. Temos redescoberto Albert King juntos. Ele é tão punk-rock quanto blues e soul.
Você conheceu o Paul McCartney e o Ringo Starr no evento beneficente que o David Lynch fez recentemente em Nova York. O que você disse pra eles?
Na verdade eu cruzei com o Paul na noite anterior, no jantar. Ele veio [à nossa mesa] para me avisar que tinha a mesma blusa que eu estava usando - cinza com listras e estrelas azuis. Até me mostrou uma foto dele usando a tal blusa. E o Ringo é o baterista mais extraordinário com quem já tive o privilégio de tocar ao vivo. Ele é da mesma safra do John Bonham e do Keith Moon.
Eu nunca vou esquecer quando vi você, uns anos atrás, tocando com o John Paul Jones e o Questlove no Superjam do Bonnaroo. Não foi incrível?
Aquilo é não só uma das melhores lembranças do Bonnaroo - junto com o show que eu vi do Neil Young com o Crazy Horse - mas também uma das melhores experiências
musicais da minha vida. Eu já toquei com o John Paul Jones, com o Ringo Starr e com o John Lee Hooker. Cara! Se eu tivesse que fechar a conta ali mesmo, não me importaria.
Uma vez você me disse que às vezes entra no ônibus para buscar inspiração. É verdade?
Eu tenho ficado bastante tempo em Nova York, então pego o metrô pro Harlem, dou uma volta, depois pego o ônibus de volta pro Soho. Gosto de olhar no rosto das pessoas e imaginar como a vida delas é. "Number With No Name", do disco novo, é um bom exemplo disso. Todas as pessoas dizem algo com o olhar, ainda que só de relance.
Qual é o disco que você mais ouviu na vida?
É ou o Paid in Full, do Eric B. & Rakim, ou o Dixie Chicken, do Little Feat.
São coisas bastante diferentes uma da outra, não?
Você está falando com um cara que já tocou com o Ringo e com o Rahzel. Então isso faz sentido pra mim.