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Chefe da Quebrada: o fotógrafo Frank Stefanko conseguiu, ao longo dos anos, capturar a essência de Bruce Springsteen

“Descobri que não havia máscara – Bruce era daquele jeito mesmo, autêntico e simples”, admite o fotógrafo

Paulo Cavalcanti Publicado em 17/12/2017, às 10h31

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<b>Dia de Inverno</b><br>
Bruce Springsteen na icônica foto ao lado de um Corvette, em fevereiro de 1978, em Haddonfield, Nova Jersey
 - Frank Stefanko
<b>Dia de Inverno</b><br> Bruce Springsteen na icônica foto ao lado de um Corvette, em fevereiro de 1978, em Haddonfield, Nova Jersey - Frank Stefanko

“Ei, Frankie, vamos fazer umas fotos?” O ano era 1978. O fotógrafo Frank Stefanko havia recebido uma ligação e do outro lado da linha, fazendo essa pergunta, estava Bruce Springsteen. Dentro do circuito de colaboradores e associados do The Boss, Stefanko é menção obrigatória. Ele trabalha com o músico de Nova Jersey desde o final da década de 1970 e esteve ao lado de Springsteen em momentos definidores da carreira do cantor. Registrou inúmeros shows dele e também os seus bastidores. Foi responsável, ainda, pelas capas dos álbuns Darkness on the Edge of Town (1978), The River (1980) e da coletânea Chapter and Verse (2016). O livro Further up the Road – Photographs by Frank Stefanko é o compêndio destas quatro décadas de interação entre o fotógrafo e Springsteen. Veja algumas das imagens clicando na galeria.

Com o tempo, o que começou como um mero relacionamento profissional virou amizade. Stefanko era amigo de Patti Smith e ocasionalmente tirava fotos dela. A cantora falou para Springsteen de um fotógrafo que era “o maior fã dele”. Em seguida, os agentes do The Boss enviaram a Stefanko uma cópia do álbum Greetings from Asbury Park, N.J., com a dedicatória: “De Bruce, para o meu maior fã”. Quando estava preparando o álbum Darkness on the Edge of Town, Springsteen lembrou-se de Stefanko, já que também havia ficado impressionado com os cliques que ele havia feito de Patti.

O fotógrafo pega o fio da meada da saga: “Justamente naquele momento, Bruce havia dado a Patti a música ‘Because the Night’, que se tornou um grande hit para ela”. Por coincidência, eles estavam gravando no Record Plant. “Ela reforçou que seria legal fazer algo comigo. Assim, uma coisa levou a outra. Eu tenho que agradecer muito à minha amiga Patti. Ela até hoje me telefona em todos os meus aniversários.”

Depois da ligação, Bruce Springsteen finalmente foi conhecer Stefanko em Haddonfield, Nova Jersey, como ele hoje conta: “Em uma manhã fria de fevereiro, Bruce veio até a minha casa, que mal tinha mobília – eu havia acabado de me mudar para lá”. Logo eles já pareciam velhos companheiros. “Ficamos na sala olhando o meu material. Eu queria saber quem era o cara por trás da máscara de astro do rock. E descobri que não havia máscara – Bruce era daquele jeito mesmo, autêntico e simples.”

No dia seguinte, os trabalhos começaram. “Estava nevando, mas mesmo assim decidimos dar uma volta na vizinhança para ver o que poderia acontecer”, lembra Stefanko. Foi aí que a inspiração surgiu: “Estávamos andando pela vizinhança e vimos um Corvette. Bruce encostou na lateral, olhou para mim e eu tirei a foto. Foi isso, um clique só. Eu acho que ninguém poderia imaginar que esta seria talvez a foto mais popular de toda a carreira dele. E foi escolhida para ilustrar a capa da autobiografia de Bruce, Born to Run, que saiu em 2016”.

Hoje, Stefanko avalia o envolvimento dele com o músico: “Quando eu ouvi a música dele no começo da década de 1970, senti que alcançaria a fama”, fala. “Mas não poderia prever que ele chegaria a um patamar tão alto, tornando-se um ícone.”

A Palavra do Chefe

Bruce Springsteen escreveu a introdução de obra fotográfica sobre ele

O livro Further up the Road – Photographs by Frank Stefanko (Wall of Sound Editions) ainda não tem previsão de lançamento no Brasil, mas pode ser facilmente obtido via importação. Esse lançamento vem complementar a primeira obra que Stefanko fez sobre o artista. Em 2003, ele publicou Days of Hopes and Dream: An Intimate Portrait of Bruce Springsteen, trabalho que foi bem recebido. Mas ele notou que ainda poderia fazer outro volume. “Depois do primeiro, vi que ainda tinha muito material inédito e raro”, fala. “Com estes dois livros, concluí que tive a chance rara de realizar uma viagem mágica ao lado dele. esta jornada que começou há muito tempo ainda continua estrada afora”, ele filosofa. O prefácio foi escrito pelo próprio Springsteen, que no texto exalta as qualidades do colaborador e amigo que o registrou inúmeras vezes: “Eu conheci Frank Stefanko através da Patti Smith, que me falou: ‘Bruce, tem um cara muito bom lá do seu pedaço, em Nova Jersey, você precisa trabalhar com ele’. Logo vi que o Frank é um sujeito super na boa, muito fácil de lidar. Em compensação, as fotos dele são austeras. O talento dele é despir os artistas de seus artificialismos e chegar ao âmago, ao lado mais cru. Elas carregam a pureza de um poema de rua. São adoráveis e verdadeiras, mas têm pegada”.