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Central da Cultura

Com a ajuda de dez artistas, Fábio e Munir Candalaft transformaram um antigo prédio do centro de São Paulo em um santuário artístico

Anna Mota Publicado em 17/01/2018, às 00h42 - Atualizado às 13h09

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<b>No Arouche</b> - Fabio Bitão
<b>No Arouche</b> - Fabio Bitão

Entre apertadas construções comerciais na rua do Arouche, no centro de São Paulo, um casarão erguido em 1905 sobrevive. No número 126, a discreta placa acima do portão de ferro dá nome ao local: No Arouche. Porém, mais que o letreiro, são as grandes janelas coloridas as responsáveis por transmitirem o conceito do lugar, um centro multicultural repaginado pelas mãos de diversos grafiteiros.

O imóvel, que já abrigou uma pensão, um armazém e até salas comerciais, foi ressignificado pelos irmãos Fábio Candalaft e Munir Candalaft Júnior, que abriram o espaço em setembro. “O prédio pertence à minha família desde 1970. De uns anos para cá, devido à decaída do centro, ele começou a ficar cada vez menos ocupado e mais deteriorado. Não podíamos deixá-lo assim”, conta Fábio. “Decidimos buscar sua originalidade, ver como eram as estruturas. Ficamos maravilhados com o que encontramos.”

A descoberta veio acompanhada do encontro com o arquiteto e artista plástico Gabriel Menezes (Mena). “Ele e a [sócia] Roberta Abreu se apaixonaram pela história e sugeriram que mantivéssemos os elementos primários, mas com um toque de contemporaneidade que conversasse com a cidade”, relembra. “E dessa mescla nasceu a instalação.”

Na casa de dois andares, as paredes de tijolos e o piso de peroba rosa carregam mais de 100 anos de história. Já a modernidade é trazida por janelas e portas que setorizam os cômodos por cores e pelos grafites de dez artistas voluntários.

A obra demorou cerca de três meses para ser finalizada, mas as artes foram feitas em apenas um fim de semana. “Todos os grafiteiros trabalharam juntos, e isso construiu a energia da casa”, comenta.

Mena, autor de alguns dos grafites, comandou a curadoria dos profissionais. “Fizemos uma intervenção artística, vendo os muros do centro sob um novo ponto de vista”, diz sobre o trabalho realizado por Hope, SCL, KBM, Kueio, Caio Bless, Sanches, Luc Souza e pela dupla Tamo Junto. Com a casa pronta, o No Arouche já recebeu várias feiras e workshops com enfoque em projetos autorais de artes, moda, gastronomia e sustentabilidade. Para Fábio este é apenas o começo. “Tudo que for feito aqui terá uma veia cultural, porque o prédio é arte. Mas estamos disponíveis para todos os tipos de eventos, inclusive festas particulares e corporativas. O No Arouche foi feito para todos.”