O líder do Public Enemy e do Prophets of Rage fala sobre se manter humilde e o “pilates do rap”
Qual era seu livro preferido na infância e o que isso diz sobre você?
Era um livro sobre Eddie Rickenbacker, piloto da Primeira Guerra Mundial. Era uma aventura e me fez querer viajar ao redor do mundo.
O que você faz para relaxar?
Dirijo. O carro é uma caneta e a estrada é um bloco de anotações. Enquanto dirijo, canto, componho, toco, vivo músicas.
Qual é a compra mais exagerada que você já fez?
Minha casa. Nunca tive um carro zero. Em 1995, comprei um Montero 1994, mas isso foi o mais perto que cheguei.
Quem são seus heróis?
Meus pais. Eles me deram todas as ferramentas necessárias para enfrentar a vida. Ensinaram humildade, que tudo o que sobe pode descer. Ensinaram a lidar com os pontos baixos e também com os altos.
Descreva sua atual rotina fitness.
Pilates. Minha professora, Kathy Lopez, inventou o pilates do rap, que é bem legal.
O que é o pilates do rap?
Tudo tem a ver com a força no abdome, e preciso disso para dar conta do Public Enemy e dos shows intensos com o Prophets of Rage. O poder vem de reforçar o diafragma, ter equilíbrio cardiovascular e comer bem, mas seu abdome é tudo.
Diga qual o melhor conselho que você já recebeu.
Um amigo meu promotor de shows, Darryl Brooks, me disse: “Não olhe para sua imagem em um daqueles telões gigantes dos estádios, porque sua performance vai sair dos trilhos”. Artistas novos olham para a tela e ficam encantados com a própria imagem.
Qual é sua cidade preferida no mundo.
Já estive em 107 países, então tenho preferências diferentes em momentos diferentes, mas sempre fico impressionado com Nova York. Ela sempre se torna algo diferente.
Você acha que a Nova York de sua juventude tem sido romantizada demais? Livros e filmes a mostram como um período dourado, mas na verdade era suja e perigosa.
Pois é, especialmente como alguém negro. Não havia nada para romantizar sobre um Bronx detonado e destruído. Não havia nada para romantizar sobre um Harlem marginalizado, um Lower East Side sujo. A beleza de Nova York são as pessoas. A Nova York limpa e cara agora é algo lindo, mas eles se esqueceram das pessoas no processo. Isso se chama “gentrificação”.
Que conselho gostaria de poder dar a si mesmo aos 20 anos?
Você recebe o que dá.
O que acha que ele responderia?
Eu teria prestado atenção, porque estava sempre escutando. O primeiro superastro a me falar qualquer coisa foi Rick James. Ele fazia o sinal de paz com os dedos e dizia duas palavras: “Fique seguro”. Ele e toda a banda dele viram um dos primeiros shows do Public Enemy com o Beastie Boys na turnê Licensed to Ill, em 1987. Foi um dos primeiros artistas por quem me encantei.
Você consegue pensar em alguma coisa que admire em Donald Trump?
Por quê? Para você tirar do contexto e dizer que Chuck acha que há coisas boas em Donald Trump? Não vou cair nessa. Só que o Tom Morello diz que maus presidentes rendem ótimas músicas.
Muitos pioneiros do rap estão falidos. É uma situação muito triste.
É, mas temos a chance de sair dela por mérito próprio. Isso pode se tornar o blues dest
e século, em que muitos artistas têm uma segunda chance e se tornam o John Lee Hooker, o Muddy Waters e o Lightnin’ Hopkins desta era. Para o rap e hip-hop, a idade certa pode ser de 40 a 80 anos, desde que suas palavras tenham peso para mudar a sociedade. Os mais jovens não conhecem realmente a si mesmos ou a sociedade. Há muitos rappers como o Eminem, com 40 anos ou mais, que são tipo bíblias ambulantes.
Você acha que em 20 anos os Estados Unidos estarão melhores ou piores?
Os Estados Unidos da América nunca foram realmente unidos nos últimos 50 anos. Acho que poderá haver três países diferentes em 2050 – se ainda existir um planeta.