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Chutando a Bola Murcha

A Copa do Mundo pode ser nossa, mas os problemas são do mundo todo.

Miguel Sokol Publicado em 11/06/2014, às 15h21 - Atualizado em 13/06/2014, às 10h16

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Chutando a Bola Murcha - Ilustração: Gabriel Góes
Chutando a Bola Murcha - Ilustração: Gabriel Góes

Obras inacabadas, trânsito, desorganização, caos nos aeroportos, preços exorbitantes, protestos... A Copa do Mundo no Brasil é, afinal de contas, no Brasil. Qual é a surpresa? Se quisessem uma Copa sueca, que a fizessem na Suécia! Então não há motivo para constrangimento da nossa parte. Se o Brasil não oferece o ideal para os outros países, a recíproca também é verdadeira.

De todo o elenco do show business norte-americano, que não é pequeno, os escolhidos para cantar a música oficial do mundial ao lado de Claudia Leitte foram Pitbull e Jennifer Lopez – convenhamos, uma dupla tão “ideal” quanto todos os buracos da Via Dutra juntos –, e a gente não reclamou.

A Inglaterra pode não ter estradas esburacadas, mas tem o Libertines. Cultuada por nada, essa banda natimorta gera notícias nas nossas timelines impunemente quase todo santo dia. E a França oferece ao mundo a ex-primeira dama e ex-maria-guitarra Carla Bruni, que insiste em não ser ex-cantora nas nossas rádios. Já a Itália nos exporta Laura Pausini – melhor eu nem fazer comentários. E, vindo do México, nós temos que aturar o Chaves reprisando diariamente na televisão há tantos séculos que já é possível até atribuir um novo significado para a.C. e d.C. - antes e depois de Chaves.

Por essas e outras, nada nesta Copa do Mundo consegue me constranger como brasileiro, exceto o slogan que estamparam no ônibus da delegação da seleção: Preparem-se, o hexa está chegando!” Essa frase, pasme você, foi inspirada no bordão “Embrace yourselves, the winter is coming!”, da série Game of Thrones. Eu só me pergunto como o criador do famigerado slogan conseguiu associar a equipe canarinho a um seriado medieval, épico e norte-americano. E eu mesmo me respondo: tarado! Tarado sim, pois só há uma associação possível entre Brasil e Game of Thrones: o sexo gratuito.

Se os ônibus de times de futebol podem ter slogans constrangedores, então os ônibus de turnê de artistas e bandas também podem. Já pensou se a moda pega? Eu já. Seriam assim:

• “Meu centésimo problema se chama Solange” – No ônibus do Jay-Z

• “Aqui não toca aquela música do Aerosmith, Love in an Elevator” – Solange

• “Segredo entre três, só matando dois” – Beyoncé

• “Não xingue este ônibus, alguém aqui dentro pode ser o seu pai biológico” – Led Zeppelin

• “Não me siga, estou perdido!” – Justin Bieber

• “Quando um não quer, os dois brigam do mesmo jeito” – Oasis

• “Em baile de cobra, sapo não dança” – Taylor Swift

• “Ar condicionado desligado, vocalista sem camisa” – Capital Inicial

• “Está lotado” – Arcade Fire

• “Esteve lotado” – Titãs

• “Se o amor é um sonho, o casamento é um despertador” – Kanye West

• “Se barba fosse respeito, bode não tinha chifre” – Los Hermanos

• “Quem está cheio de álcool é só o ônibus. Eu juro!” – Ozzy Osbourne

E, para encerrar, o nosso ônibus urbano de todos os dias também vai ganhar um slogan: “Raro e caro”. Ou: “Atrasado, lotado e depredado”. Pode escolher.