Para criar os filmes da saga Star Wars, George Lucas se inspirou em diversas fontes, passando por filosofia, história e literatura, além de ter resgatado elementos das culturas oriental e medieval. Mas ele também vasculhou a memória e colocou nas produções muita coisa que aprendeu em outras produções do cinema, de clássicos a produções “b”. Na lista a seguir, relembre cinco longas que foram decisivos para a elaboração de Star Wars.
Por Paulo Cavalcanti
Assim como O Nascimento de Uma Nação (1915), que glorificava a Ku Klux Klan, O Triunfo da Vontade é um daqueles filmes que trazem uma mensagem desprezível, mas cuja embalagem grandiosa e inovadora acabou influenciando centenas de cineastas. Lucas assistiu ao filme de propaganda hitlerista dirigido por Leni Riefenstahl enquanto estava na faculdade de cinema. Os stormtroopers do Império são claramente moldados na tropa de choque nazista. A épica cena final, quando os rebeldes são homenageados por derrotar as forças do Império, mais parece um comício nazista.
Esta série cinematográfica produzida pelo extinto estúdio Republic teve 12 episódios. O enredo mostrava os esforços de dois fuzileiros no encalço de um vilão mascarado trajando negro chamado The Lightning. Usando um poderoso raio, ele queria, obviamente, conquistar o mundo. George Lucas, um fã e estudioso de séries antigas, deve ter ficado de olho em Demônios em Luta. As vestes e os trejeitos do The Lightning são muito similares aos de Darth Vader. Os capangas dele também usam roupas muito parecidas com a armadura dos stormtroopers.
Quando pensou em levar às telas uma aventura espacial, Lucas pretendia reviver Flash Gordon. Mas ele não conseguiu os direitos e preferiu fazer algo autoral. No primeiro Star Wars, ele usou muito da trama e das referências visuais de Flash Gordon Conquista o Universo, a terceira produção da série. Luke Skywalker e Han Solo foram decalcados em Flash Gordon e no Príncipe Barin. A Princesa Aura, uma morena sexy que se veste com roupas provocantes, foi revivida pela Princesa Leia. O planeta Mongo é a Estrela Negra. O Príncipe Thun, Homem-Leão que é uma mistura de homem com animal, também parece ter sido a matriz para Chewbacca. Isso sem contar que a profusão de naves espaciais e guerras de laser de Flash Gordon foram recicladas por Lucas.
Dirigido por John Ford, Rastros de Ódio é considerado o maior western de todos os tempos. Repleto de ambigüidades morais, o filme é uma tragédia grega ambientada no Velho Oeste norte-americano. John Wayne vive o amargo Ethan Edwards, que depois de lutar (e perder) na Guerra Civil volta para a casa do irmão. Um dia, enquanto ele está fora, os comanches invadem o local, matam todos e sequestram a sobrinha de Ethan – que pode ser filha dele, na realidade. Ele passa anos tentando resgatar a menina. Em Star Wars, Luke Skywalker volta para o rancho e encontra os tios massacrados pelas Forças Imperiais, em uma cena muito similar à de Rastros de Ódio. Da mesma forma que Ethan, Luke também sai em busca de vingança.
O épico de Akira Kurosawa sempre foi citado como uma das grandes fontes de inspiração para Star Wars. No Japão feudal, dois camponeses atrapalhados acompanham uma jovem e um senhor, mas eles não sabem que na verdade trata-se de uma princesa e um general. Quem teve acesso aos primeiros rascunhos que Lucas preparou para o filme afirma que era praticamente uma refilmagem de A Fortaleza Escondida. O diretor, naturalmente, mudou muita coisa na trama, mas as referências ainda são óbvias: os camponeses seriam os robôs C-3PO e R2-D2, a jovem seria a princesa Leia e Obi-Wan Kenobi faz as vezes do general. Lucas também usou em Star Wars muitas técnicas de edição apresentadas originalmente no filme de Kurosawa.