No disco de estreia, Frank (2003), Amy Winehouse ainda estava perdida e tentava encontrar não só sua voz, como seu som. Nesta faixa, ela aponta para o estilo que a levaria ao estrelato no álbum seguinte, Back to Black (2006).
Com uma citação de “Ain’t No Mountain High Enough”, que paga tributo às raízes de Amy na Motown, a cantora construiu um clássico contemporâneo. A letra trata de mais um capítulo da destrutiva relação amorosa dela com Blake Fielder-Civil.
Um dos fatores que mais ajudou a destacar Amy Winehouse entre outras dezenas de cantoras novas foi a sinceridade. Não só em expor sentimentos de perda nas letras, mas também em admitir culpa parcial por isso. Como nesta música.
A faixa que colocou Amy no topo do mundo trata de um assunto delicado – a dependência de álcool que a levou à morte – de uma forma tão contagiante que é difícil sentir a conotação negativa da letra.
Foi a canção que abriu caminho para um tipo de música pop que andava esquecido: bem produzido, com uma performance emocionante e letra bem acabada, comparando a perda de um amor ao luto por uma morte. Trágico e poético – mas longe de qualquer excesso dramático piegas.