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Com Força Juvenil

Tom Zé completa 78 anos com disco de inéditas e a primeira parceria de composição ao lado de Caetano Veloso.

Pedro Antunes Publicado em 18/11/2014, às 15h58 - Atualizado às 16h15

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<b>Parceria</b><br>
Tom Zé (à esq.) gravou com destaques da nova geração, como Criolo. - Divulgação
<b>Parceria</b><br> Tom Zé (à esq.) gravou com destaques da nova geração, como Criolo. - Divulgação

A cabeça de tom zé não transita pela mesma realidade que a da maioria dos seres humanos. Ele viaja entre passado, presente e futuro com uma facilidade ímpar. Em um papo rápido, pode-se ir de filosofia antiga à ideia dos “pós-humanos” e uma sociedade cibernética em questão de segundos – temas relacionados, sim, mas as sinapses parecem disparar mais rápido na massa cinzenta do cantor, que completou 78 anos em outubro. A capacidade de chegar do ponto A ao ponto B pelo caminho mais ousado possível já deixou o baiano de Irará em maus lençóis ao longo da carreira, em momentos em que ele teve a obra incompreendida por público e crítica. Mas isso hoje coloca Tom Zé entre os preferidos de jovens amantes da MPB – ou a “Geração Y”, como ele mesmo chama na faixa que abre o mais novo disco, Vira Lata na Via Láctea.

Mas nem só de frescor jovem é feito o álbum, um trabalho iniciado há dois anos e criado aos poucos. Milton Nascimento (em “Pour Elis”) e Caetano Veloso (“A Pequena Suburbana”, a primeira parceria entre eles) representam dois dos maiores nomes da geração da música brasileira que surgiu junto a ele, mas com grande apelo comercial.

Redescoberto pela nova geração, Tom Zé chamou alguns dos músicos de carreira recente mais próximos para fazer participação no disco, primeiro álbum de inéditas completo

desde Tropicália Lixo Lógico (2012) e sucessor do EP Tribunal do Feicebuqui (2013). Tim Bernardes, d’O Terno, Tatá Aeroplano, Trupe Chá de Boldo, a Filarmônica de Pasárgada e Criolo estão na lista – uma antropofagia invertida, na qual é difícil de entender quem absorve quem. “Rita Lee me chama de parceiro do futuro”, diz Tom Zé, para encontrar o ponto de ligação entre ele e músicos mais novos. “É por causa dessa coisa de prestar atenção em tudo o que está começando a existir ou acontecer”, teoriza. O músico conta que a aproximação se dá de forma espontânea, embora admita que, nas apresentações dele, “90% do público é jovem”. “É impressionante essa loucura.”

Tom Zé fala com fôlego juvenil, assim como compõe, mas coleciona histórias de alguém que já viveu muito. “Não quero narrar uma coisa tremenda ou você terá que escrever um livro”, desculpa-se ele, ao final da entrevista. A juventude, contudo, ficou definitivamente para trás. “O que eu fiz no meu aniversário?”, pergunta de forma retórica.

“Fui dormir às 20h30!”