DJ Zegon se junta ao “herdeiro” André Laudz em projeto que aposta no peso do hip-hop dos anos 90
O Dj e produtor Zé Gonzales, ou Zegon, não se sentia tão inspirado para músicas novas há dois anos. “Era tudo na base da obrigação. Foi assim até meados de 2012”, conta ele. Foi então que, aos 44 anos, ele encontrou em um jovem promissor da música eletrônica a injeção de ânimo para voltar a produzir a toque de caixa. Com André Laudz, 21 anos – mesma idade da filha mais velha de Zegon –, ele criou o Tropkillaz, um projeto iniciado como uma grande brincadeira de bass music, ressuscitando o hip-hop noventista – com lentas 90 batidas por minuto, graves pesados e as texturas atuais da música eletrônica.
Zegon diz ter se impressionado com a capacidade de finalização de Laudz desde os primeiros contatos pela internet, em 2009. Quase em um papel de tutor, ele acompanha orgulhoso o trabalho do produtor, a quem chama de filho. “Falei para ele: ‘Todo mundo sabe produzir música, mas finalizar como os gringos, posso contar nos dedos da mão’. Hoje, posso dizer que o Laudz é um deles.”
O ritmo logo ganhou um nome próprio, trap, e espalhou-se de forma viral, assim como se deu com o dubstep. “A diferença é que trap é dançante pra caramba”, defende Zegon. Nomes do mainstream – como Steve Aoki, Rihanna e Tiësto – já entraram na onda, enquanto o Tropkillaz segue por um caminho próprio, sem fórmula e resgatando o recorte de samples do hip-hop old school.
O duo, que disponibiliza as faixas em um perfil no Soundcloud, foi tocar na Rússia, ancorado pelo sucesso da faixa “Mambo”, e tem planos para um EP (em agosto) e uma turnê em festivais na Austrália. Tudo será freado em novembro, porque Zegon será pai de novo. “Vou ganhar meu terceiro filho”, ele diz. Se contar o postiço, serão quatro.