Em novo disco, Brian Wilson, ex-líder dos Beach Boys, paga tributo a Los Angeles
Alguns dias depois de seu 66º aniversário, Brian Wilson passeia de carro pela Mulholland Drive (Los Angeles) em seu Mercedes preto. Ele escuta uma estação de rádio que toca músicas antigas e pensa sobre o aquecimento global. Uma onda de calor está passando pela cidade, com temperaturas que se aproximam dos 40°C e incêndios florestais ardendo perto da praia. "Não devia fazer este calor em junho", Wilson balbucia. O vento quente sopra pelas janelas do carro e recibos rasgados voam pelo chão. "E se a temperatura chegar aos 55°C em julho? Você consideraria isso um desastre? Eu diria que é um desastre." Ele suspira profundamente. "Poderia ser o fim de Los Angeles, da vida. Talvez tudo esteja acabado! Meu Deus, que horror!"
Se Wilson está preocupado com as mudanças climáticas, não dá para perceber pelas letras de seu mais novo disco That Lucky Old Sun, uma carta de amor musical a sua nativa Los Angeles. O lugar que ele descreve não é o sul da Califórnia de 2008, cheio de engarrafamentos e coberto de poluição, mas sim um paraíso de deusas do sol, estradas abertas e coiotes uivando. "Eu queria capturar o espírito de Los Angeles, do jeito que eu gosto de pensar na cidade", explica. Canções como "Forever She'll Be My Surfer Girl", com o apoio de harmonias vocais luxuosas e arranjos pop orquestrais, revisitam seus próprios hits dos anos 60 com os Beach Boys. Outros, como o hino "Southern California", fazem a gente imaginar como a vida seria se as coisas tivessem acontecido de outro jeito - se os irmãos dele, Dennis e Carl, companheiros de Beach Boys, ainda estivessem vivos, e se a vida dele não tivesse caído em décadas de doença e isolamento.