Ganância, Vingança e Feminismo

Courtney Love se prepara para lançar um novo disco do Hole

Jenny Eliscu

Depois de se arriscar em carreira solo, Courtney volta ao Hole
Depois de se arriscar em carreira solo, Courtney volta ao Hole - CLAY PATRICK MCBRIDE

“Solta o som na caixa”, diz Courtney Love, apoiando-se na beirada de uma mesa de som no Electric Lady Studios, em Nova York. Seu co-produtor, um desengonçado guitarrista britânico de 23 anos chamado Micko Larkin, solta uma canção gótica chamada “Samantha”, e Love fecha os olhos, balbuciando junto com o grito rasgado que estoura das poderosas caixas acima de sua cabeça. Love chacoalha para a frente e para trás, bate o pé e agarra o colar. “Tem fade a mais”, ela diz a Larkin. “Aumenta o baixo!” Love está com a energia de quem acaba de ver a luz no fim do túnel, a poucos dias de terminar um álbum no qual trabalhou por quatro anos. Nobody’s Daughter, que ela planeja lançar em janeiro, será o primeiro da cantora desde o solo America’s Sweetheart, de 2004. Será também o primeiro álbum do Hole em mais de uma década. “Tudo em que eu penso vira Hole”, ela diz. “É um dos melhores nomes de banda da história. É um puta nome de banda, e é meu.”

Ela começou a escrever as músicas para Nobody’s Daughter em 2005, durante um período passado – por mandado judicial – em uma clínica para dependentes químicos. Depois que a compositora Linda Perry deixou um violão para Love na clínica, ela começou a compor a sério. Noventa dias depois, ela tinha gravado oito demos em um aparelho de cassete portátil. “Eu estava passando por tudo aquilo que se passa na reabilitação: sensibilidade aguda e depressão e luta contra o medo”, ela diz.

As primeiras sessões de Nobody’s Daughter vieram a seguir em Los Angeles, com Perry e Billy Corgan produzindo. Mas, depois de testar o material ao vivo, no meio de 2007, ela decidiu voltar ao papel e caneta. Ela recrutou Larkin, depois formou uma nova banda para gravar Nobody’s Daughter com Michael Beinhorn, que produziu para o Hole, em 1998, o álbum Celebrity Skin. O resultado é uma coleção de canções vigorosas, incluindo uma balada intitulada “Honey” e o punk sujo de pegada blues “Skinny Little Bitch”. Diz Love: “As referências foram o Diamond Dogs, do David Bowie, o lado bom do The Wall [do Pink Floyd] e o gótico dos anos 80. As músicas ganharam peso, e eu tive de trabalhar uns músculos que eu nem sabia que tinha”, diz ela. “Este álbum fala de ganância, de vingança e também muito de feminismo. É o álbum mais importante que eu já fiz, de longe.”

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