Courtney Love se prepara para lançar um novo disco do Hole
"Solta o som na caixa", diz Courtney Love, apoiando-se na beirada de uma mesa de som no Electric Lady Studios, em Nova York. Seu co-produtor, um desengonçado guitarrista britânico de 23 anos chamado Micko Larkin, solta uma canção gótica chamada "Samantha", e Love fecha os olhos, balbuciando junto com o grito rasgado que estoura das poderosas caixas acima de sua cabeça. Love chacoalha para a frente e para trás, bate o pé e agarra o colar. "Tem fade a mais", ela diz a Larkin. "Aumenta o baixo!" Love está com a energia de quem acaba de ver a luz no fim do túnel, a poucos dias de terminar um álbum no qual trabalhou por quatro anos. Nobody's Daughter, que ela planeja lançar em janeiro, será o primeiro da cantora desde o solo America's Sweetheart, de 2004. Será também o primeiro álbum do Hole em mais de uma década. "Tudo em que eu penso vira Hole", ela diz. "É um dos melhores nomes de banda da história. É um puta nome de banda, e é meu."
Ela começou a escrever as músicas para Nobody's Daughter em 2005, durante um período passado - por mandado judicial - em uma clínica para dependentes químicos. Depois que a compositora Linda Perry deixou um violão para Love na clínica, ela começou a compor a sério. Noventa dias depois, ela tinha gravado oito demos em um aparelho de cassete portátil. "Eu estava passando por tudo aquilo que se passa na reabilitação: sensibilidade aguda e depressão e luta contra o medo", ela diz.
As primeiras sessões de Nobody's Daughter vieram a seguir em Los Angeles, com Perry e Billy Corgan produzindo. Mas, depois de testar o material ao vivo, no meio de 2007, ela decidiu voltar ao papel e caneta. Ela recrutou Larkin, depois formou uma nova banda para gravar Nobody's Daughter com Michael Beinhorn, que produziu para o Hole, em 1998, o álbum Celebrity Skin. O resultado é uma coleção de canções vigorosas, incluindo uma balada intitulada "Honey" e o punk sujo de pegada blues "Skinny Little Bitch". Diz Love: "As referências foram o Diamond Dogs, do David Bowie, o lado bom do The Wall [do Pink Floyd] e o gótico dos anos 80. As músicas ganharam peso, e eu tive de trabalhar uns músculos que eu nem sabia que tinha", diz ela. "Este álbum fala de ganância, de vingança e também muito de feminismo. É o álbum mais importante que eu já fiz, de longe."
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