Roberta Medina cresceu com o Rock in Rio; hoje o comanda ao lado do pai
"Desde que me entendo por gente tem uma coisa chamada Rock in Rio na minha vida", diz Roberta Medina, que tinha apenas 6 anos quando o pai dela, Roberto Medina, deu o ambicioso pontapé inicial a um projeto de festival que já tem mais de 25 anos. Em 1985, o Rock in Rio ocorreu debaixo de chuva, mas Roberta se lembra de assistir a um trecho do show de Rita Lee. Em 2011, como vice-presidente do evento, ela coordena as obras da Cidade do Rock, a estratégia de marketing, a venda dos ingressos e a contratação dos shows, marcados para o fim de setembro e o início de outubro.
Ainda assim, a empresária de 33 anos diz não se privar dos prazeres da vida. "Já foi o tempo em que deixava de ver meus amigos por causa do trabalho", diz. "Claro que nos picos mais agitados os vejo menos, mas fui entendendo que, sem recarregar as baterias perto de pessoas que gostamos, o rendimento baixa também no trabalho." Os amigos estão entre Rio e Lisboa. Segundo Roberta, os brasileiros são os "amigos de raiz", aqueles que fez quando pequena. Em Portugal, ela alimenta as relações para que se mantenham sólidas, afinal tratam de pessoas que conheceu não mais que oito anos atrás, quando se mudou para lá, onde se tornou celebridade ao virar jurada da versão local do programa Ídolos, nas edições de 2009 e 2010.
Roberta cresceu participando das aventuras do pai, mas meio de longe. Até que, em 2001, quando o Rock in Rio entrou para a seara dos megaeventos, foi escolhida para o cargo de coordenadora de produção. "Meu pai era louco! Eu tinha 21 anos e ele falou: 'Roberta vai ser a coordenadora'. Falei que não, mas não teve jeito. Nos trabalhos que eu fazia, ele já notava que eu tinha essa postura de querer coordenar tudo", lembra. Assim, ficou para trás o olhar mais lúdico, que deu lugar à mobilização e às dificuldades da produção. Hoje, ela é vice-presidente do Rock in Rio, o que não considera um peso maior. "Meu primeiro trabalho foi aos 17 anos. Vejo que faço as mesmas coisas: junto as peças para fazer a coisa acontecer. Hoje, acredito que é mais emocionante tirar o sonho do papel do que vivê-lo", diz.
Trazer o festival de volta ao Rio demorou por culpa da economia brasileira, segundo Roberta. Ela não tem dúvida de que foi a melhor decisão. "Perguntavam por que não voltávamos, mas eu tinha várias preocupações", explica. "O ingresso, em 2001, custava R$ 35 [valor da meia entrada]. E hoje é R$ 190, que ainda é mais barato do que qualquer show internacional. É uma expectativa e um medo de conseguir - ou não - passar a mensagem para o público. Mas a cada dia as preocupações desaparecem. O Rio estava com saudade do Rock in Rio e sentindo que estava perdendo esses grandes eventos", analisa.
Roberta só lamenta não poder ver algumas das atrações: se não fosse uma das cabeças do evento, ela não perderia os shows do Coldplay e de Katy Perry. Como o trabalho a impede de curtir os shows, resta sonhar com o "mundo melhor" que o Rock in Rio prega desde a última edição no Brasil, em 2001. "Me sinto bastante privilegiada e feliz com tudo que tenho, que fiz, e conquistei. Manter isso tudo é o maior desejo de todos. Mas ainda sonho em poder contribuir para uma sociedade mais harmônica e desenvolver projetos sociais autossustentáveis, que se beneficiem da minha capacidade de juntar peças-chave e depois possam ter continuidade sem grande dependência externa."