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De Geração em Geração

Maria Ribeiro vive mulher moderna “à beira de um ataque de nervos” em Como Nossos Pais

Stella Rodrigues Publicado em 31/08/2017, às 17h51

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<b>Haja Diálogo</b><br>
Dado (Paulo Vilhena) e Rosa (Maria Ribeiro) tentando se entender
 - Divulgação
<b>Haja Diálogo</b><br> Dado (Paulo Vilhena) e Rosa (Maria Ribeiro) tentando se entender - Divulgação

Dois mil e dezessete e, em uma cena de Como Nossos Pais, novo filme de Laís Bodanzky, Dado, um marido interpretado por Paulo Vilhena, diz para a esposa, papel de Maria Ribeiro, que ela deve pedir ajuda, se estiver sobrecarregada com as responsabilidades da casa. Rosa, a esposa em questão, vive um dilema pessoal após a mãe fazer uma revelação bombástica em um rotineiro almoço de domingo (que não vale mencionar por ser muito mais interessante como surpresa). No evento em questão, além de tudo, Rosa senta à mesa ouve que, apesar de sustentar a casa e lidar com toda a logística de cuidar dos filhos, ainda assim não é boa o suficiente.

A protagonista não quer um marido que ajude, quer um parceiro que compartilhe com ela por igual as atribulações da vida em família – e é criticada pela mãe, vivida por Clarisse Abujamra. Para a matriarca, uma socióloga bem-sucedida, a função do marido não envolve, por exemplo, deixar os próprios sonhos de lado para “perder tempo” dando banho em criança. “O que o filme mostra é que mesmo em famílias de pessoas muito conscientes e intelectuais, na hora que entramos nesse hábito da diferença de gêneros tanto faz a camada social”, afirma Laís, que escreveu o roteiro ao lado do marido, Luiz Bolognesi. “Isso acaba se tornando um fardo muito grande. E diante da necessidade de dividir esse peso há uma dificuldade de comunicação”, diz Vilhena, analisando a questão de que a mãe precisa sempre “coordenar” o lar e dar ao marido instruções sobre o que precisa ser feito, como se o marido fosse só mais uma criança (grande) dentro de casa.

“Não sei se quando falamos em ‘crianção’ não corroboramos um comportamento que no fundo é muito nocivo e reproduz um machismo que em grande escala descamba para o feminicídio”, argumenta Maria. “Essa opressão invisível existe em todos os lugares e o tempo inteiro, a gente nem percebe. E colocamos isso na cabeça das crianças. Não adianta a gente ter um discurso feminista de igualdade se a gente não mostra esse discurso na prática aos filhos”, complementa Laís.