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De Portas Abertas

Depois de acumular um bilhão de visualizações no YouTube, Porta dos Fundos vai para a televisão e se prepara para rodar um filme

Luísa Jubilut Publicado em 18/11/2014, às 15h29 - Atualizado às 15h58

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<b>Ambiciosos</b><br>
Grupo de humoristas faz grandes planos para o futuro. - Rodrigo Esper/Divulgação
<b>Ambiciosos</b><br> Grupo de humoristas faz grandes planos para o futuro. - Rodrigo Esper/Divulgação

Uma coisa de que você pode ter certeza: a gente não vai para a TV”, afirma Gregorio Duvivier sobre o grupo Porta dos Fundos, em um vídeo promocional do programa televisivo do coletivo de humor. Sim, eles cederam às ofertas e estrearam no canal pago Fox, ainda que Duvivier e o restante da trupe tenham afirmado constantemente, desde a criação do canal no YouTube, que não migrariam para a telinha.

O teaser contraditório só fez aumentar um questionamento: por que aceitar ir para a televisão? Segundo João Vicente de Castro, o motivo não é financeiro e não busca a visibilidade oferecida pela mídia. “Era uma vontade de experimentar outras plataformas”, resume, antes de afirmar que o conteúdo produzido por ele e companhia pode dar certo em ambos os meios, televisão ou internet. “Fazemos conteúdo bom. Ele funciona em qualquer lugar, não tem essa.”

“Nossa casa continua sendo o YouTube”, apazigua Duvivier. “O convite da Fox funcionou com a gente porque não vamos sair da internet.” O ator, roteirista e colunista do jornal Folha de S.Paulo afirma que o acordo não promoverá mudanças no tom anárquico dos esquetes. “Eles queriam a gente do jeito que a gente é. As emissoras, às vezes, querem um produto, mas precisam transformá-lo em algo que seja a cara deles, em vez de respeitá-lo pelo que ele é.”

E que grupo televisivo não gostaria de colocar as mãos no sucesso do produto Porta dos Fundos? O canal no YouTube passou a marca de 1 bilhão de visualizações no total e tem uma média de 4,5 milhões de visualizações por vídeo – isso sem fazer concessões, usando palavrões, satirizando marcas e fazendo piadas sobre religião. “Não acho que somos polêmicos”, acredita Castro. “A gente nunca chegou e pensou: ‘Vamos bater em fulano’. Apenas fazemos um roteiro que bate no fulano. Mas nunca é intencional, só pela polêmica. Acho que o medo [de ir para a televisão] era esse, de a gente falar: Puta, aqui a gente não pode bater na companhia de energia tal, porque é anunciante do canal. Aqui não podemos falar de religião, porque o canal é religioso’. Tínhamos muito medo disso”, confessa.

A busca por novas plataformas não para no projeto para a TV. O Porta dos Fundos tem planos de chegar aos cinemas no ano que vem, com um filme escrito por Duvivier. “A gente vai começar a gravar em janeiro”, ele

revela. “Tem a ver com Game of Thrones [série de ficção da HBO]. É um épico medieval”, conta, antes de ser interrompido pelos risos descrentes do outro lado da liligação. “É sério, é verdade, não é brincadeira. O nome,

a princípio, é A Guerra de Klingonfland.”

“O que evitará que o Porta vire passado é a gente fazer um presente muito legal. É fazer as séries que queremos, é fazer o filme que queremos, abrir esse leque, que é muito novo”, continua o artista. “O Porta dos Fundos tem só dois anos e ainda tem muita coisa para ser feita.”

Ainda assim, na televisão, o grupo aterrissa com um formato familiar àqueles que o acompanham desde o início. Gabriel Totoro aparece como mestre de cerimônias, com comentários autodepreciativos ligando um esquete ao outro. No primeiro episódio, foram reprisados grandes hits como “Na Lata” (mais de 16 milhões de visualizações no YouTube), “Deus” (8 milhões de visualizações) e outros vídeos menos compartilhados. Também haverá a produção de conteúdo inédito.

“Tem muita gente que chega para mim e fala: ‘Eu sou muito fã, já vi todos’. Aí, eu geralmente faço um teste e cito uns cinco vídeos: nunca ninguém viu todos”, garante Castro, enfático, ao justificar a reprise. “Muitos não têm o hábito de acessar a internet. Então, isso nada mais é do que outra janela pela qual as pessoas assistem. Reproduzir conteúdo é a coisa mais comum do mundo. Tem gente que está querendo colocar defeito. Mas estamos relax, fazendo nosso trabalho. Gostou, gostou. Não gostou, não gostou. Não estamos aqui para agradar a ninguém.”