Com timidez, porém com a curiosidade aguçada, Alan, 11 anos, chega ao Instituto Rolling Stone em uma manhã de sábado, acompanhado do pai, Edinilsan. Fã do Guns N’ Roses, o garoto tem o sonho de tocar guitarra. O pai não tem pinta de roqueiro, mas apoia e respeita o gosto do filho e vai se empenhar para que ele leve a sério as aulas semanais. Uma rara oportunidade para o garoto que, no decorrer do curso, vai ganhar um instrumento só dele e aprenderá a tocar acordes sozinho. Pode se tornar um Slash? Talvez. Vai depender de sua natureza, de seu dom. Fato é que o menino vai, sim, aprender a tocar. Se isso vai se tornar um prazer, uma arte ou um hobby, só o tempo dirá. Em sua turma, outras 29 crianças ganharam a mesma oportunidade.
O Instituto Rolling Stone possibilita que mais de 100 crianças e adolescentes tenham aulas semanais ao longo de um ano, em um curso ministrado por um professor graduado em música. Os jovens guitarristas foram selecionados em escolas públicas, quando o projeto foi anunciado de uma maneira inusitada. Em vez do tradicional sinal da hora do recreio, os alunos ouviram solos de guitarra. O rock chamava por eles. A partir daí, o Instituto recebeu centenas de fichas de crianças interessadas no curso de guitarra, e outros tantos telefonemas de pais pedindo por seus filhos. Foi feita uma rigorosa seleção para que somente fossem aceitas crianças cujos pais não tivessem condições financeiras de bancar as aulas. O interesse pela música demonstrado por cada candidato foi outro quesito importante.
Com as turmas montadas, chega a hora de conversar com os pais e de sentir de perto a vontade das crianças em relação à música. O curso vai muito além dos acordes. Exige integração, dedicação e muitos papos sobre arte e cultura pop. A direção da revista Rolling Stone Brasil foi até a sede do Instituto mostrar a todos que este projeto é uma via de mão dupla: de um lado e de outro há muita vontade de abrir um novo caminho. Afinal, quem não encontra obstáculos na vida? Jimi Hendrix, Slash, Keith Richards e Tony Iommi são exemplos de que falta de condições não é empecilho para se tornar um grande guitarrista. Desde muito jovens, esses músicos se dedicaram, mostrando que o rock and roll não tem classe social.
Nos primeiros dias de curso, as crianças já chegam gritando os nomes de grandes bandas da história do rock, como Iron Maiden e Beatles. Onde elas conheceram essas bandas? “Aprendi com o meu amigo, o Rodrigo, que já era do Instituto no ano passado. Ele me mostra as bandas e me ensina alguns acordes”, diz Wignor, de 8 anos, filho de Elizabete de Sousa. Atitudes como essas mostram que o Instituto Rolling Stone está cumprindo seu papel, fazendo germinar o talento musical e multiplicando-o. Quem sabe uma destas crianças um dia não estampe a capa da Rolling Stone?