Deize Tigrona volta da Europa, marca a fusão de funk com electro e vai, com calma, ganhando o mundo
Depois de subir ao palco do Rock in Rio Lisboa com o Buraka Som Sistema e fazer shows na Alemanha, Suíça, Dinamarca e Suécia, Deize, 29 anos, mãe de três filhos, faz uma pausa para repensar o mundo e o funk. Agora, sua carreira - que começou por causa da prostituta da minissérie global Hilda Furacão - está pronta para pousar com a versão moderna do pancadão no Canadá, Austrália e China.
Seu assessor falou que você não estava muito bem, prefere fazer a entrevista depois?
Cheguei de viagem e fiquei um pouco confusa [risos]...
Mas já está melhor?
Agora sim, é que para mim isso tudo é muito impressionante. Cheguei de turnê e minha cabeça... Não sei se foi estresse, mas fiquei tão agitada que parecia que não estava falando coisa com coisa. Cheguei a ir ao médico tomar soro, fiz exames de sangue porque achei que estava ficando pirada. Só parei para pensar em tudo o que aconteceu comigo nos últimos anos quando voltei dessa viagem e cheguei no Rio. Nos últimos dois meses, toda semana ia viajar para um país diferente.
E o que mudou na sua vida com o sucesso?
Sempre fui segura e madura, mas desconfiava muito das pessoas e tinha medo da ilusão da televisão. Agora aprendi a confiar mais nas pessoas, a acreditar mais. Tô ainda mais segura de tudo o que quero. Então se fosse fixar minha cabeça só em funk, funk, funk, acho que iria ficar meio louca, porque a galera não quer mais ouvir o duplo sentido. Até consigo escrever o que toca hoje, que é letra pesada, as putarias sem duplo sentido, mas minha filha já faz muita pergunta...
Essa mudança nas suas parcerias em direção ao electro tem a ver com as letras do funk de hoje?
Quando vi que dava para pular do funk pro electro funk, fui logo e já estou me sentindo melhor. É mais independente e com espaço em vários países. Agora consigo fazer letras com mais conteúdo, mais qualidade, e passei a querer ouvir a história que tem na música. Depois da parceria com o Buraka Som Sistema, a cada som que vou ouvindo sinto que minha voz dá para encaixar. Fiz com eles a "Aqui Pra Vocês" e o Buraka tem outro tempo, um outro bpm bem mais alto do que o do funk. Também vi o Edu K misturar funk com rock, o Diplo também, agora posso fazer outras coisas.
Você lê esta entrevista na íntegra na edição 24 da Rolling Stone Brasil, setembro/2008