Diana e Jane foram no óbvio. Já Madeleine procurou criar algo
Este mundo já tão feminino e feminista precisa de tantas divas? Temos aqui os últimos lançamentos de
Jane Monheit, Diana Krall e Madeleine Peyroux, ícones da atual cena do jazz pop. As duas primeiras lançam
obras gêmeas: The Lovers, the Dreamers and Me, de Jane Monheit, e Quiet Nights, de Diana Krall, parecem traçados pelo mesmo núcleo de criação - em ambos "a releitura de clássicos", a submissão ao "jazz brasileiro" e a música cantada em português. O disco de Jane tem mais músculo, o repertório é menos óbvio, dilui menos, vai de June Christy, Roberta Flack e Bonnie Raitt - menos mal; na seção brazilian pop, temos uma do Ivan Lins - podia ser pior! - e a música em português é o sambinha "A Primeira Vez", que João Gilberto às vezes sussurra. Já Quiet Nights, de miss Krall, é descarado na intencional falta de originalidade: é uma sucessão de standards surradíssimos. A parte brasileira vai de Jobim, sem faltar "The
Boy from Ipanema" (parêntese para lembrar "Garoto de Ipanema", versão risível com Eliana Pittman). Diana pode facilmente, se quiser, estampar CDs idênticos trimestrais. O público-alvo já é ganho, domado, consome esse tipo de música iludido de que assim tem vida cultural. O CD de Madeleine Peyroux, Bare Bones, é de outra extração - a mulher fez o hard work, escreveu as canções, boas, não cedeu a odismos; não parece se enquadrar no perfil de uma diva de agora; segue o modelo indie & folk/jazz. Não é Eva Cassidy nem Karen Dalton, mas no geral empolga.