Esqueça a nostalgia: no universo vanguardista dos videogames, quanto mais moderno e revolucionário, melhor
Mais celebrado evento de um mercado estimado em dezenas de bilhões de dólares, o Electronic Entertainment Expo (E3) funciona como um exercício coletivo de clarividência: "Como será o amanhã?" é a pergunta que dezenas de fabricantes de tecnologia tentam responder a um público ávido por novidades. Do ponto de vista mercadológico, é essa também a ocasião em que são revelados os detalhes sobre os próximos objetos de desejo da diversão digital.
Na edição 2011 da E3, ocorrida nos primeiros dias de junho, em Los Angeles, as expectativas giravam em torno das novidades das principais empresas do setor, Nintendo, Sony e Microsoft. Das três, apenas a primeira divulgou informações sobre um próximo console doméstico - o Wii U, com lançamento previsto para 2012. Além da promessa de jogos em alta resolução, a novidade da máquina é a adição de um joystick sem fio, com uma tela de cristal líquido embutida (dada a semelhança com um tablet, o controle tem sido chamado de "wiipad" nos bastidores da indústria).
Levantando a bandeira de que "duas telas são melhores do que uma", o Wii U foi divulgado como "uma expansão do conceito tradicional de videogame ligado à televisão". Entretanto, a Nintendo se desdobrou para explicar posteriormente que, apesar das características, o produto não é um mero portátil de bolso. "Será um sistema poderoso, capaz de gráficos incríveis e alto processamento. E é tudo o que as pessoas precisam saber agora", definiu Reggie Fils-Aime, presidente da Nintendo, quando questionado sobre o porquê da escassez de informações técnicas sobre o novo console.
A atual plataforma da Nintendo, o Wii, lançado em novembro de 2006, teve mais de 86 milhões de unidades comercializadas mundialmente. Com o sucessor Wii U, a intenção é sair na frente da concorrência e antecipar os recursos técnicos que podem vir a se tornar padrões da indústria que já foi considerada "maior do que Hollywood" (apesar de real, o clichê já caiu em desuso). "Quando lançamos o Wii, deixamos claro que estávamos indo em uma direção diferente", diz Fils-Aime, a respeito das empresas rivais. "Eles estão presos, indo para um único lado, enquanto nós estamos indo para o outro."
No setor dos portáteis, a Nintendo também exerce uma superioridade que data dos tempos do Game Boy (lançado em 1990) e que perdura até hoje - seu aparelho mais recente, o Nintendo 3DS, é capaz de gerar imagens em três dimensões sem a utilização de óculos especiais. Buscando um pedaço dessa fatura, a também japonesa Sony concentrou forças em um novo videogame de bolso, o PlayStation Vita. Não é a primeira investida da empresa no segmento - o portátil PSP está no mercado desde 2005. O Vita, porém, investe nos recursos avançados de multimídia, como tela sensível ao toque, acesso à internet, duas câmeras, além de interatividade com o irmão mais velho, o PlayStation 3. Deve ser lançado no final do ano nos Estados Unidos (no Brasil, o lançamento está prometido para o início de 2012).
O Brasil, por sinal, se tornou a atual menina dos olhos da Sony. A chegada tardia do PlayStation 3 ao mercado nacional, em 2010 (quatro anos após o lançamento original), teve recepção morna, muito graças aos elevados preços cobrados. Durante a E3, a empresa prometeu concentrar mais iniciativas na região, como a implantação da loja online PS Store a partir de outubro, que permitirá a compra de games e produtos por meio de transações online. "Não é só um país estrategicamente importante", diz Mark Stanley, gerente-geral da Sony para a América Latina. "Nossos esforços com o governo brasileiro giram em torno de educá-lo a respeito da indústria dos games. Estamos trabalhando para diminuir os obstáculos e queremos continuar o diálogo até que o consumidor perceba os benefícios."