“No disco Pajubá eu estou dando nome e sentido ao meu corpo, à minha existência e às minhas relações”, afirma a cantora
Não apenas transgênero mas “terrorista de gênero”. É assim que se apresenta Linn da Quebrada, que despontou no ano passado com o lançamento do single “Enviadescer”.
“Vou te confessar que às vezes nem eu me aguento, para ser tão viado assim tem que ter muito talento”, canta, no verso menos ácido de “Talento”, que ganhou nova dimensão ao ser declamada por Linn no trailer de Corpo Elétrico. O filme, com lançamento previsto para 17 de agosto, marca a estreia da artista no cinema.
Dirigido por Marcelo Caetano, Corpo Elétrico conta a história de Elias (Kelner Macêdo), um jovem nordestino e gay que embarca em uma jornada de autoconhecimento por meio de relacionamentos casuais. A temática se alinha às composições da cantora, que desafiam os preconceitos relacionados a gênero, sexualidade e raça. “Esse tipo de debate tem que permear todos os espaços, porque o discurso hegemônico [sobre sexualidade] é predominante nas novelas, na TV, nos meios de comunicação e, inclusive, no cinema”, opina.
“O Marcelo sempre esteve aberto para ouvir o elenco. Na época em que nos conhecemos, mostrei minhas músicas a ele, e elas renderam diálogos completamente novos ao roteiro.”
Neste semestre, a cantora também lança o primeiro disco de estúdio, Pajubá, com previsão para setembro. O álbum, que conta com as já divulgadas “Mulher” e “Bixa Preta”, foi viabilizado por uma campanha de financiamento coletivo na plataforma digital Kickante, que arrecadou R$ 45 mil em dois meses.
“Em Pajubá eu estou dando nome e sentido ao meu corpo, à minha existência e às minhas relações”, afirma Linn. “Estou buscando um vocabulário em que o que eu vivo tem importância. Estou tentando formular um novo tipo de experiência positiva, tanto para mim como para as pessoas com corpo semelhante ao meu.”
Depois de ter se apresentado, em junho, na primeira edição paulistana do festival holandês Milkshake, Linn foi escalada para o 14º No Ar Coquetel Molotov (21 de outubro, Recife/PE). “O peso de participar de festivais está na oportunidade de travar um diálogo com mais pessoas. Isso porque eu não faço música para ser cantora, eu faço música para ser ouvida.”