Brasileiro Mauro Refosco dá uma mão brasileira a Thom Yorke, David Byrne e Vampire Weekend
"O David Byrne é um cara legal, ele adora andar de bicicleta." O autor do elogio, parceiro musical do ex-líder do Talking Heads há 15 anos, "desde que acabei o mestrado em percussão na Manhattan School of Music", é outro camarada gente boa que gosta de pedalar. A questão é que, de setembro para cá, a fama de Mauro Refosco disparou mesmo foi como um foguete de última geração da NASA.
No final de setembro, o catarinense (que mora em Nova York) foi associado à banda solo de Thom Yorke, junto a Flea (Red Hot Chili Peppers), Nigel Godrich (produtor do Radiohead e Paul McCartney) e Joey Waronker (músico de apoio do Beck e do R.E.M.). Dias depois, soube-se que Refosco também tocou no novo álbum do Vampire Weekend, Contra (a ser lançado no começo de 2010).
Até agora, foram dois shows em Los Angeles para apresentar o dançante repertório do disco solo de Yorke, The Eraser. Mas Refosco - indicado ao líder do Radiohead por Waronker, no meio do ano - é cauteloso na hora de falar sobre o projeto. "No show, Thom disse que vai fazer de novo, sim. Mas isso eu li na imprensa. Na hora, era muito barulho para escutar bem. Você não vai colocar que eu confirmei mais shows, né?", ele pede, talvez com medo de levar bronca do chefão por revelar demais.
Mas uma coisa é certa: test-drive agradou a músicos e plateia. "Não é rock'n' roll de batida tradicional. Queríamos ver se o som funcionava fora do estúdio, se rolava empatia. E rolou. O que podia não acontecer. Dá para recriar sample e loop no palco? Foi... challenging [desafiador]", disse o especialista em marimba (instrumento de percussão), no que não seria o único sopão idiomático da conversa. "A gente sentia a música crescer de dentro."
De seu apartamento no Brooklyn, onde passa "uns dois meses por ano, no máximo", o músico de 42 anos não dispensa o mesmo tratamento de "segredo de Estado" para contar sobre a experiência com o Vampire Weekend. "Eles são garotões!", comenta sobre os filhos da década de 80, apresentados a ele por Miho Hatori, ex-Cibo Matto. "No dia em que fui ao estúdio, estavam supereducados. Quietinhos. Mas, quando souberam que eu tinha algumas percussões no carro, os caras piraram, principalmente na cuíca! Coisa de criança mesmo. Começaram a batucar em tudo - e eu meio, 'Calma, assim pode quebrar!'"