Do Amapá, MINI BOX LUNAR surge como a revelação do pop amazônico
O acre não é mais o limite. Já testado e aprovado em festivais como Se Rasgum (PA) e Grito Rock (MT), o Mini Box Lunar, a mais recente surpresa musical "fora do eixo", vem de Macapá, capital do Amapá. O clima cabaré de "A Boca", o folk carnavalizado de "Amarelasse/ A Viola e o Pandeiro", a melancolia espacial de "Gregor Samsa", a sanfona e os delicados solos de cordas de "Sessão Vintage" são algumas das mais de 20 jujubas pop do sexteto, formado por quatro instrumentistas que se revezam nos instrumentos e duas vocalistas. Uma delas, Heluana, conta que eram duas duplas de compositores - ela e Otto e Jenifer "JJ" e Sady - que trocavam figurinhas enquanto tocavam violão nas madrugadas ou tramavam uma banda de cover dos Mutantes, Arnaldo Baptista e Secos & Molhados. "Coisa de corações partidos, drogas, falta de perspectivas...", tenta explicar JJ, sobre o surgimento da banda na cidade isolada pela selva e pelas águas e que apresenta o maior índice de suicídios entre as capitais. Mas a rebeldia local não se traduziu em barulho ou grosseria. "A banda gosta dessa beleza quase infantil, sem pretensão", fala Alexandre, que completa a formação com Taiguara.
Na verdade, Macapá possui uma cena pequena, em que todos se conhecem - o tecladista Otto e o baterista Taiguara tocam com uma dezena de bandas locais ("mini box" é o nome local para designar os mercadinhos de bairro). Nessa terra ilhada cheia de gente que vem de longe (JJ é de Salvador, Alexandre de Brasília, Taiguara e Sady de Belém, Otto do interior do Pará - só Heluana nasceu no Amapá), a lenta destilação de rock e MPB resultou em uma doçura psicodélica e tipicamente amazônica. "É a viagem da canção que surge do interstício da melodia e da palavra", descreve Heluana, citando outro Arnaldo - o Antunes.