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Duo Fabuloso

Paul McCartney e Elvis Costello relembram prolífica parceria nos anos 1980

Brian Hiatt Publicado em 17/04/2017, às 16h32 - Atualizado às 16h41

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<b>Encontro Frutífero</b></br>
Costello e McCartney juntos no estúdio - Linda McCartney/ ©1988 Paul McCartney
<b>Encontro Frutífero</b></br> Costello e McCartney juntos no estúdio - Linda McCartney/ ©1988 Paul McCartney

Para Paul McCartney, era uma sensação totalmente familiar. Ali estava ele, fazendo dupla com um compositor de voz áspera com raízes em Liverpool, os dois sentados frente a frente enquanto tocavam violão, completando as frases musicais e letras um do outro e cantando em uma harmonia confortável. “Era no mesmo método em que eu e John [Lennon] compúnhamos”, conta McCartney, relembrando as produtivas colaborações que realizou com Elvis Costello no final dos anos 1980. “Pensei que, de certa forma, ele estava sendo John, e isso era bom e ruim para mim. Era uma ótima pessoa com quem compor, um grande parceiro com quem trocar figurinhas, mas ali estava eu, tentando evitar fazer uma coisa que se parecesse demais com os Beatles!”

Essas sessões, no rústico Hog Hill Mill Studio, propriedade de McCartney ao leste de Sussex, na Inglaterra, foram feitas para gerar músicas para o que se tornou o álbum Flowers in the Dirt (1989), um ponto alto do ex-beatle naquela década. Quatro faixas, incluindo o dueto “You Want Her Too”, entraram para o LP, duas foram para o disco seguinte de McCartney (Off the Ground, de 1993) e o restante está nos álbuns de Costello – mais notavelmente o single de sucesso “Veronica”.

No entanto, como um novo box com a reedição de Flowers in the Dirt revela, as gravações colaborativas – versões acústicas brutas (que há muito tempo circulam em bootlegs) e outras com uma banda completa – se destacam como uma mostra extraordinária de uma parceria que provavelmente foi perfeita demais para durar. “Isso me fez seguir em frente e o fez seguir em frente”, diz McCartney, que também se orgulha de outras faixas de Flowers in the Dirt, como o atípico blues-funk de “Rough Ride”, produzido por Trevor Horn. “É o melhor que se pode esperar. Acho que nenhum dos dois pensou em virar uma nova versão de Lennon-McCartney.”

Ainda assim, Costello lembra que “havia uma espécie de plano para trabalhar junto nas sessões, para coproduzir as sessões” (ele também insiste que não tinha nenhuma intenção de imitar Lennon – embora aprender a fazer segunda voz com os discos dos Beatles tenha inevitavelmente influenciado sua escolha de partes vocais). Só que McCartney, determinado a ter um álbum que se sustentasse em sua primeira turnê solo sem o Wings, acabou recrutando diversos produtores e colaboradores (incluindo David Gilmour) e gerando músicas como “My Brave Face” – à la Beatles na primeira demo, e em ritmo de reggae na segunda.

“A energia e as performances nas demos foram melhores em alguns casos”, McCartney agora reconhece. “É esse o motivo para querermos lançar: para todas as pessoas que não compram bootlegs.” O vocal apaixonado de McCartney na versão em piano da demo de “The Lovers That Never Were” é particularmente impressionante. “Essa eu sabia que era boa enquanto estávamos gravando”, conta Costello, que dedilhou o piano enquanto McCartney tocava guitarra atrás dele.

Costello ficou encantado ao saber que McCartney finalmente está lançando as gravações perdidas que fizeram juntos. “Na sequência de colaboradores de Paul McCartney, sou a pessoa entre Michael Jackson e Kanye West e Rihanna”, observa, dando risada. “Você não sabia isso sobre mim. E é um fato do pop com o qual provavelmente pode ganhar uma aposta.”