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Durão com Ternura

A dor e a paixão que movem Dwayne “The Rock” Johnson, o cara mais sólido de Hollywood

Josh Eels Publicado em 12/05/2018, às 17h50 - Atualizado às 17h53

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<b>Durão com Ternura</b><br>
A dor e a paixão que movem Dwayne “The Rock” Johnson, o cara mais sólido de Hollywood - Mark Seliger
<b>Durão com Ternura</b><br> A dor e a paixão que movem Dwayne “The Rock” Johnson, o cara mais sólido de Hollywood - Mark Seliger

Se o mundo pareceu mais lento esta manhã – se os pássaros não estavam cantando tão docemente ou o sol não estava brilhando tanto –, talvez seja porque Dwayne Johnson não malhou.

Em qualquer outro dia, ele teria acordado antes do amanhecer, fazendo barulho nos 20 mil kg de equipamento na câmara de tortura travestida de academia caseira que ele chama de seu Paraíso de Ferro, mas hoje não. Johnson dormiu preguiçosamente até as 6h, em uma suíte de hotel, em Beverly Hills (sob o codinome Sam Cooke), onde agora está lendo o jornal enquanto sua namorada de longa data, Lauren Hashian, come uma tigela de granola que pediu ao serviço de quarto.

O motivo para esse ócio incomum? O casal tem uma filha de 2 anos, Jasmine, e mais uma, que nasceria em breve. “Estamos na reta final”, diz Lauren, acariciando a barriga – então, os dois deixaram a menina com a babá e foram curtir uma noite romântica. “Estamos aproveitando antes que seja tarde demais.” Johnson, caminhando pela suíte usando meias de ginástica e uma camiseta com as palavras “sangue suor respeito”, diz que os planos originais eram para os dois se casarem ainda neste semestre no Havaí. “Só que engravidamos”, conta, “e ela não quer fotos de casamento com barrigão – quer estar bonita”. Não estávamos tentando ter outro bebê. “Estávamos conversando sobre isso”, ele diz, “e, de repente, recebo uma mensagem de texto dela com a foto de um teste de gravidez”. Aparentemente, não necessitou muito esforço para gerar a nova filha. “Só precisei olhar para ela”, Johnson brinca. “Adivinha. Você está grávida. Tem um bebê aí dentro.”

“Ele só levantou a sobrancelha”, diz Lauren. “Pronto. Aí está o bebê.”

Johnson conta que está empolgado. “A Simone nasceu quando eu tinha 29 anos” – fala de sua filha mais velha, de 16 anos, com a ex-mulher, Dany Garcia, que agora é empresária dele. “Homens só amadurecem muito, muito tempo depois, então é bom estar no meu quarto nível e ter filhos de novo.” Quarto nível – essa é nova. Johnson, de 45 anos, sorri. “É melhor do que dizer o número real.”

Já decidiram um nome? “Acho que sim”, conta Lauren. “Estamos pensando em Tia. É simples, é meio polinésio. Quer dizer, pode vir parecida com qualquer coisa, porque somos totalmente opostos” – ela é clara e delicada, ele é bronzeado e colossal. Digo que adoro o nome [a pequena nasceu em 23 de abril e se chama Tiana Gia Johnson].

“Jura?”, diz Johnson, parecendo contente. “Obrigado. Foi engraçado – estávamos jantando com a Emily Blunt, com quem estou me preparando para trabalhar [em Jungle Cruise, da Disney], e perguntei: ‘O que você acha de Tia?’ Ela respondeu: ‘Ninguém vai se meter com uma Tia Johnson’.”

Especialmente quando o pai dela é Dwayne Johnson, praticamente do tamanho de um elevador de carga. Quando estava no ensino médio, outros adolescentes desconfiavam dele, porque achavam que era um policial disfarçado. Mesmo agora, como o astro mais amado de Hollywood que não se chama Tom Hanks, ele e seu físico avantajado ainda conseguem fazer congelar. O diretor Brad Peyton, que trabalhou com Johnson em três filmes – incluindo o recente Rampage – Destruição Total – diz que, quando se conheceram, Johnson estava vestido de Hobbs, da franquia Velozes e Furiosos. “Pensei: ‘Ai, meu Deus – este cara é muito grande’”, conta. “Ele parecia muito intimidante. Levei uns 15 minutos para sair dessa.”

Como se quisesse combater isso, Johnson é gentil o tempo todo. A caminho do restaurante do hotel para tomar café da manhã, cruzamos com um gerente que pede desculpa pela noite anterior. “Ah, não tem problema!”, Johnson responde. Só depois que o homem se afasta é que ele relutantemente conta o que aconteceu: quando voltou à suíte, perto das 2h da manhã, após um longo dia de trabalho, Lauren ainda estava acordada, graças a um barulho misterioso perto da cama. “Desliguei o ar-condicionado, pedimos tampões de ouvido, a manutenção veio”, narra. “Finalmente, eles nos mudaram de quarto às, tipo, 3h da manhã. Foi um escarcéu.”

Que chato – e na noite especial deles. “Uma noite!”, exclama Johnson. Ele joga as mãos para cima, fingindo exasperação. “Os golpes não param.”

Só que, na verdade, param. Johnson está surfando em uma onda de sucesso como o astro mais lucrativo de Hollywood. Uma matéria recente do Wall Street Journal revelou que o pagamento adiantado dele para um futuro filme seria de US$ 22 milhões; uma fonte próxima de Johnson afirma que o número verdadeiro está acima disto. Sim, The Rock vale mais de US$ 20 milhões. Afinal, há um motivo para Jumanji: Bem-Vinda à Selva (2017) ter arrecadado quase US$ 1 bilhão no mundo inteiro. E com todo respeito, esse motivo não era Jack Black, também no elenco.

Passar um tempo com Dwayne Johnson é tão animador quanto se espera. Ele te cumprimenta de um jeito que faz seu corpo vibrar. Perguntará o nome de sua esposa e/ou filho e faz questão de repeti-lo 17 vezes. Sua empolgação e sua simpatia são contagiantes. Você vai embora com uma nova inspiração para acordar mais cedo, fazer mais exercícios e ser mais gentil. Ele é esse tipo de homem.

Quando estava na faculdade, jogando futebol americano pela Universidade de Miami, Johnson se formou em criminologia. Queria ser agente do FBI ou oficial da CIA para que pudesse “prender os malvados”. Desde então, desempenhou essas funções na tela, bem como a de um salva-vidas e a de um militar. Em Terremoto: A Falha de San Andreas (2015), ele era um piloto de resgate de incêndios de Los Angeles tentando salvar a filha de um assustador terremoto.

Johnson encontrou seu nicho com os personagens que representa. São valentões habilidosos que também são sensíveis e vulneráveis, homens com defeitos, mas decentes, com bíceps grandes e coração maior ainda. “Ninguém vai me ver no papel de um psicopata limítrofe que sofre de depressão”, afirma. “Tenho amigos que admiro, ganhadores do Oscar, que encaram o trabalho com a ideia de ‘às vezes sai um pouco mais sombrio e ninguém vai ver, mas é para mim’. Ótimo, mas posso fazer outras coisas para mim mesmo. Penso no público, que gasta seu dinheiro suado. Não preciso mostrar nada sombrio. Talvez um pouco – mas, se estiver ali, vamos superar isso e vamos superar juntos.”

Como lutador, Johnson passou anos viajando pelos Estados Unidos se apresentando em estádios e arenas, aprendendo sobre o que as pessoas queriam de seus heróis. “E a principal meta em todas aquelas cidades, de Paducah (Kentucky) a Bakersfield (Califórnia), sempre foi cuidar da plateia. Você encontra isso hoje em tudo o que faço. Nunca mande o público para casa infeliz.”

Há um momento em Rampage que ilustra isso perfeitamente, mas é impossível falar sobre ele sem discutir o final do filme. “Se houver alguma maneira de mencionar, fique à vontade”, afirma Johnson. “Porque acho que é interessante como chegamos lá.”

No filme, Johnson faz o papel de Davis Okoye, um ex-soldado das forças especiais que se transforma em comando anticaça ilegal de animais e agora é especialista em primatas. Seu melhor amigo, um adorável gorila albino chamado George, é contaminado pelo experimento genético de uma corporação do mal e se transforma em um monstro de 12 metros decidido a destruir Chicago. A ele se juntam um crocodilo mutante e um lobo gigante. Davis reencontra George e o lembra de que ele é do bem. Os dois unem forças para derrotar o crocodilo e o lobo antes que os monstrengos destruam o mundo. “Então, eu leio o roteiro”, Johnson conta. “E no final o George morre! Pensei: ‘Não! Perdi algo? O George não pode morrer’. Só que releio e... é isso.”

Johnson diz que esse momento se tornou “o principal tópico de discussão” com o diretor, produtores e estúdio. “Não gosto de finais tristes”, diz. “A vida já tem isso e não quero nos meus filmes. Quando os créditos sobem, quero me sentir ótimo.” Essas preocupações foram até o topo do escalão e “tivemos uma grande reunião em que me deram todos os motivos para acharem que George deveria morrer”, diz. “Ele se sacrifica para salvar o mundo. Matando aqueles bichos que tinham más intenções de prejudicar a humanidade. Ele se sacrifica como um soldado valente. Ok, mas isso é um filme! Há um crocodilo do tamanho de um estádio de futebol – não estamos fazendo O Resgate do Soldado Ryan.”

“Dwayne raramente interfere, mas nisso ele foi muito enfático”, diz o produtor Beau Flynn. “Isso se estendeu por quase dois meses.”

Segundo Johnson, a questão era maior do que apenas George. “Eu tenho um relacionamento com o público”, afirma. “Há anos construo uma confiança com ele de que irá ver meus filmes e curtir. Então, você tem de dar essa cartada, que é: vocês vão ter de encontrar outro ator. Precisamos dar um jeito ou não farei o filme.”

No fim, chegaram a uma concessão que deixou as duas partes felizes. Todos concordam que Johnson tem o instinto certo. “Ele entende o público”, diz Peyton. “Esse é o gênio do Dwayne”, afirma Flynn.

Além de ser forte, trabalhador e capaz de rir de si mesmo, Johnson é um bom pai. Isso está incorporado em sua marca: é aquele que consegue nocautear 20 caras em uma rebelião de presídio ou desviar um torpedo com as mãos enquanto está pendurado em um caminhão em alta velocidade e, então, chegar a tempo de ver o jogo de futebol da filhinha. Ele diz que aprendeu muito sendo pai, especialmente de meninas: empatia, sensibilidade, como escutar melhor.

O pai dele era mais reservado. “Soulman” Rocky Johnson também foi lutador, membro da primeira dupla negra a ganhar um campeonato da Confederação Mundial de Luta Livre. Antes disso, fora expulso de casa aos 13 anos e obrigado a morar na rua. “Meu pai era durão”, conta Johnson, cuja primeira lembrança é de quando tinha 2 anos e o pai estava enchendo uma piscina infantil com uma mangueira. “Ele falou: ‘Ei, venha ver isto’, então fui e ele me empurrou para dentro da piscina”, Johnson ri. “É por isso que preciso de terapia” (hoje, os dois são próximos o suficiente para Johnson ter dado ao pai um Cadillac novo depois de uma cirurgia de quadril).

Na época, lutadores eram como nômades, ganhando a vida em Memphis ou Allentown por alguns meses antes de passarem para o território seguinte. Johnson morou em cinco estados diferentes até o jardim de infância, 13 até o ensino médio. “Eu estava me acostumando e daí vinha a ansiedade de uma nova escola, novos amigos...” Quando tinha 12 anos, eles se mudaram para o Havaí, onde a família da mãe vivia. “Foi aí que ficou difícil”, diz. O pai trabalhava menos. Os pais brigavam. Frustrado com a pobreza, chegou a roubar e ser preso. Filho único, achava difícil falar sobre os sentimentos.

Ele diz que já fez algumas sessões de terapia. “Tive algumas crises de depressão, como muita gente”, conta. “A primeira foi na época do divórcio: “Por volta de 2008, 2009, passei por muita coisa que estava acabando comigo. Tinha dificuldade em saber que tipo de pai eu seria. Percebi que era péssimo em cultivar relações. Por isso muitos dos meus amigos tinham ficado pelo caminho. Pessoalmente, tudo estava muito ruim e desafiador. Profissionalmente, não podia apostar em mim mesmo. Não estava acostumado a isso. Sempre achei que poderia trabalhar e consertar sozinho as coisas.”

Ele entrou com tudo em Hollywood, ganhando US$ 5 milhões por seu primeiro papel como protagonista, em O Escorpião Rei (2002), mas depois de uma sequência de filmes infantis constrangedores parecia que era o fim dele. “Minha carreira estava bem instável”, diz. “Voltar a lutar não era uma opção. Não queria retornar considerado um fracasso. Então, fazia esses filmes, foram três longas ‘família’ seguidos, o que é considerado suicídio profissional para alguém que começou no mundo da ação. Tipo: ‘a conta, por favor – acabou’.”

Johnson se reuniu com os agentes dele. Disse que tinha um plano. Queria ser como Will Smith, só que diferente e maior. “Não sei o que isso significa”, afirmou, “mas posso enxergar isso” – levantou as mãos – “e preciso que todos vejam comigo”. O silêncio foi profundo. Depois, contratou novos agentes. Dez anos mais tarde, que tipo de carreira ele tem? A de Will Smith, só que diferente e maior.

Quando Johnson começou a lutar, não queria usar o nome verdadeiro. “Não era nada interessante”, dizia. Agora, é praticamente um gênero próprio. “As pessoas sabem que é o novo filme do Dwayne Johnson e já querem assistir”, diz Toby Emmerich, chairman do Warner Bros. Pictures Group. Blair Rich, presidente de marketing mundial do estúdio, concorda: “Ele é uma marca por si só.”

O artista nunca parou de melhorar – trabalhando com professores de atuação, aprendendo sobre negócios e marketing. “É impressionante ver o quanto ele chegou longe como ator”, diz Jeffrey Dean Morgan, que atua com ele em Rampage. “Há algumas semanas, eu estava zapeando nos canais e um dos primeiros filmes dele apareceu, Doom: A Porta do Inferno, de meados dos anos 2000 – antigo o suficiente para ele ter cabelo. Vejo as sutilezas que carrega e agora dou crédito a ele.”

Pelo que dizem, Johnson é um sonho no set – ele lembra o nome de todos, do pessoal do serviço de bufê aos operadores de câmera. Tira fotos com o irmão do cara que cuidado departamento de acessórios mesmo sem ninguém pedir. Rawson Marshall Thurber, que trabalhou com ele em dois filmes, conta que só o viu ficar realmente bravo uma vez: “Houve uma falha de comunicação sobre quando terminaria de filmar. Assim, ele não poderia pegar o avião para ver a filhinha. Foi o mais irritado que o vi. Mas lidou de um jeito bem legal. Reuniu todos no meio do set e disse: ‘Estou decepcionado que ainda estamos aqui. Como podemos resolver?’”

“Foi bem tenso”, Thurber continua. “Ele é um cara enorme, mas não disse nada como ‘que se dane’. Nem saiu pisando duro, ou ficou sentado no trailer e mandou sua equipe reclamar. Ele poderia simplesmente ir embora, mas juntou todos e disse: ‘Vamos descobrir o que fazer’. Passei a respeitá-lo muito naquele momento.”

Tudo isso pode ajudar a explicar o drama causado em 2016 no set de Velozes e Furiosos 8. Na última semana de filmagem, Johnson postou uma mensagem em seu Instagram detonando colegas anônimos que não “se comportam como homens dignos e profissionais de verdade” e eram “covardes demais para fazer algo quanto a isso... cuzões”.

Logo ficou claro que ele estava se referindo ao colega Vin Diesel. Quando o filme foi lançado, espectadores atentos notaram que as cenas da dupla foram rodadas de tal forma que eles talvez não estivessem no set ao mesmo tempo. “É isso mesmo”, Johnson confirma. “Não filmamos nenhuma cena juntos.”

Johnson afirma que a briga foi sobre profissionalismo. “Vin e eu tivemos algumas discussões, incluindo uma cara a cara no meu trailer”, afirma. “Percebi que temos uma diferença fundamental de filosofias sobre como fazer filmes e colaborar. Demorei algum tempo, mas sou grato por essa clareza, se trabalharmos juntos novamente ou não.”

Isso significa que talvez ele não volte para o nono filme da saga? “Não sei bem”, diz. “No momento, estou me concentrando em fazer com que o spinoff seja o melhor possível” – Hobbs and Shaw, coestrelado por Jason Statham, será lançado no ano que vem. “Desejo tudo de bom a ele e não há animosidade, graças à clareza que temos.” Ele apenas dá risada. “Na verdade, pode apagar essa parte sobre ‘não ter animosidade’. Vamos ficar só com a clareza.”

No dia da March for Our Lives em todos os Estados Unidos para protestar contra a violência causada por armas, Johnson postou para seus 102 milhões de seguidores no Instagram uma foto da marcha em Washington, junto a uma legenda que diz (em parte): “Muito orgulhoso de nossa juventude liderando este movimento... um dia muito forte”. Ele raramente escolhe falar em público sobre questões políticas, mas o massacre de 14 estudantes e três adultos em Parkland, na Flórida, literalmente foi algo próximo. Sua filha Simone frequenta uma escola a apenas meia hora de distância. “Ela ficou apavorada”, ele conta. “Muitos amigos de amigos morreram. É de cortar o coração. Ainda estão enfrentando isso.”

Dwayne Johnson fala que não conhece Donald Trump. Eles se encontraram uma vez, há 15 ou 20 anos, em um evento de luta livre, no Madison Square Garden: “Dei um aperto de mão. Só isso”, diz. Mas, política à parte, o presidente norte-americano parece exatamente o tipo de pessoa com quem Johnson teria pouca paciência. Como seu personagem em Um Espião e Meio diz, “Não gosto de gente que faz bullying”. Dá para imaginar a reação de The Rock se um homem chegasse no set e zombasse de uma pessoa com deficiência ou se gabasse de assediar uma mulher. “Já era”, Johnson diz com raiva. “Acabou para você.” Esse tipo de ação de Trump, afirma, “é o motivo para eu não ter votado nele.”

Johnson diz que votou duas vezes em Barack Obama. Mas em 2016 ficou de fora. “Senti que ou votaria em quem achasse que seria um melhor presidente, embora eu preferisse ter outra pessoa, ou não votaria em ninguém. Hesitei muito. Estávamos no set de Jumanji no Havaí e realmente foi como perguntar aos deuses. Deem a resposta. Foi não [votar].”

No entanto, parece que ele pode estar pensando melhor. “Nas próximas eleições, em 2020, acho que serei um pouco mais aberto sobre quem apoio”, afirma.

É difícil ter essa conversa sem falar do elefante na sala, que são as aspirações políticas do próprio Johnson. Nos últimos anos, surgiram histórias cogitando-o como futuro presidente. Tem sentido: é popular, inteligente, charmoso, líder natural e uma boa pessoa. Passou anos viajando para cidadezinhas nos Estados Unidos – lutando em feiras estaduais, bazares, celeiros, ginásios de escolas. Nasceu na Califórnia, tem laços profundos com o Havaí e com a Flórida, morou por toda parte, do Texas à Geórgia e Pensilvânia e, atualmente, vive parte do tempo na Virgínia. Uma pesquisa do ano passado mostrou que ele derrotaria Trump por pouco, 42 a 37.

Sejamos honestos: Dwayne Johnson não será presidente tão cedo. Por mais que adorássemos vê-lo ganhar daqui a alguns novembros, todos precisam se acalmar.

“Sabe, olha só”, diz, “as pessoas estão muito empolgadas e é muito lisonjeiro que estejam. Também acho que seja por estarem muito insatisfeitas com nosso presidente atual, mas essa é uma habilidade que exige anos de experiência. Em nível local, em nível estadual e depois em nível nacional. Tenho o maior respeito por nosso país e por esse cargo. Não me iludo e penso: ‘Ah, claro, se Trump pode, também posso, e nos vemos em dois mil e tal, prepare-se’. Nada disso.”

Além disso – é uma boa ideia? Mais de um ano depois da posse do primeiro presidente- celebridade, a maioria dos norte-americanos concordaria que ele não está indo superbem. Não aprendemos nossa lição? “Acho que, na cabeça de muita gente, Trump provou que qualquer um pode se candidatar a presidente”, diz Johnson. “Mas também provou que nem todos deveriam se candidatar a presidente. O que sinto agora é que temos de voltar às pessoas com um conhecimento enraizado em história e política norte-americanas, que saiba como as leis são feitas. Esse movimento precisa acontecer.”

Pronto. Dwayne Johnson sabe que provavelmente não deveria ser presidente agora, mas... talvez um dia?

Ele diz que tem feito reuniões “discretas” com especialistas em todo o espectro político: “Republicanos, democratas, independentes, prefeitos e estrategistas. Absorvendo e escutando. Tentando aprender o máximo que conseguir. Penso na hipótese e obrigado, fico muito lisonjeado, mas acho que a melhor coisa que posso fazer agora é pedir alguns anos. Quero trabalhar e aprender”.

Johnson sorri. “Vou dizer rapidinho, o que é legal. Então, uma figura política conhecida falou: ‘Tudo bem, escute. Se e quando você quiser se candidatar, mande esta palavra por mensagem de texto e venho correndo. Não me mande nenhuma outra palavra – nada de ‘oi, como você está, o que há de novo’. Só esta palavra”.

Que palavra é?

“A palavra é li... – não posso contar!”

É “liberdade”?

Johnson sorri de novo. “Patriota da liberdade. Três palavras.”