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Especial Tecnologia - É a Hora dos Tablets?

Medida provisória irá alavancar o mercado de dispositivos portáteis no Brasil, a começar pelo preço

Por Henrique Martin Publicado em 11/07/2011, às 12h25 - Atualizado em 07/12/2011, às 15h17

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Em 2006, quem queria comprar um notebook no Brasil pagava caro. Um modelo simples e barato, quase sempre importado, custava em torno de R$ 3.500, sem grandes recursos ou configurações. Em setembro daquele ano, um decreto do governo federal transformou o mercado de computadores, reduzindo preços e ampliando a inclusão digital no país. Era a "Lei do Bem", que reduziu PIS e Cofins no varejo e trouxe diversos incentivos para a fabricação local. Em 2011, a história se repete, só que com os tablets, vendidos atualmente, em média, por R$ 1.800.

Um dos motivos é a Apple. Com mais de 25 milhões de unidades vendidas em todo o mundo, o iPad (e seu sucessor, o iPad 2) criou um novo mercado e, claro, fez a concorrência se animar. Microsoft com Windows? Não, Google com Android são os principais competidores para o iPad, mas os fabricantes ainda correm atrás da experiência imersiva e da mania de aplicativos criada pela Apple.

O governo federal também se empolgou: em visita à China em abril, a presidente Dilma Rousseff e o ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, informaram um grande interesse da Foxconn em ampliar suas instalações no Brasil para produzir iPads, iPhones e, principalmente, a tela para esse tipo de aparelho, em um investimento estimado em US$ 12 bilhões no período de cinco anos. A Foxconn é a principal fabricante terceirizada de produtos para a Apple, na China, e tem operações locais em Manaus (AM), Jundiaí e Indaiatuba (SP), onde fabrica celulares e outros produtos eletrônicos. O flerte do governo com a Foxconn rendeu uma ação rápida para beneficiar os demais fabricantes de eletrônicos e atrair a atenção dos chineses. Já em maio, o Diário Oficial da União publicou medida provisória assinada por Dilma Rousseff, colocando os tablets na mesma categoria dos notebooks.

Com produção local - incluindo a Apple ou não -, os tablets podem ficar mais baratos se forem produzidos no Brasil. "É uma boa medida, porque desonera o produto. Tudo que retira carga tributária é bom para o fabricante", explica Benjamin Sicsú, vice-presidente de novos negócios da Samsung, que lança em julho dois novos aparelhos, o Galaxy Tab 10.1 e o Galaxy Tab 8.9.

A fabricação local e a redução de preços, porém, precisam obedecer a algumas regras definidas pelo PPB (Processo Produtivo Básico) dos tablets, divulgado pelo governo no início de junho. Para ter a isenção de PIS/Cofins no varejo, um tablet brasileiro precisa, este ano, ter 50% das placas-mãe fabricadas localmente. Em 2012, o número saltará para 80%, chegando a 95% de 2013 em diante. "Esse valor muda de acordo com o tempo. Já foi menor para notebooks, e agora está em 100%", diz Marcel Campos, gerente de marketing e produto da Asus Brasil. O que se entende por "fabricar placas localmente"? Importar a placa e seus componentes e passar pela máquina de solda no Brasil. Na prática, o tablet continua sendo importado, só que metade pode vir pronta e a outra metade precisa ser montada.

Quanto vai custar um tablet nacional, no fim das contas? Segundo estimativas de mercado, se os impostos caírem, o preço atual deverá encolher de 15% a 20%. E, se os varejistas reduzirem suas margens de lucro (que podem ser 30% do preço de um tablet), em pouco tempo iremos atingir o "número mágico" de R$ 999 (para modelos mais básicos). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o "custo do tablet no Brasil será igual ao custo lá fora" e que o preço final pode ter uma redução de até 31%. O problema agora é o tempo: para adequar suas linhas de produção, fabricantes como Motorola, Semp Toshiba e a própria Samsung precisam de pelo menos três meses (contando a partir de maio) para deixar o tablet brasileiro mais barato.

E a Apple? Se realmente a Foxconn produzir o iPad 2 no Brasil, a chance é de que a informação seja divulgada do modo mais discreto possível, apenas com a redução de preço no ponto de venda. Se o PPB saiu no final de maio, pelo menos os tablets dos demais fabricantes à venda no país devem ficar mais baratos em agosto ou logo depois. Então, a dica é não comprar um tablet agora - espere mais um ou dois meses, para não se arrepender com o preço menor.