A cantora canadense k.d. lang lança disco cheio de canções introspectivas
No vigésimo ano de uma carreira solo que atravessou gêneros, levou prêmios e nunca permaneceu estanque, k.d. lang lança Watershed (em português, divisor de águas), um novo álbum de inéditas. O título faz uma conotação a sua fluida vida artística. "Há muitas imagens relacionadas à água no álbum", ela observa. "Mesmo que essa não seja a definição de Watershed, adoro a idéia de a água sempre encontrar seu caminho contornando obstáculos, como uma criança que sempre consegue atravessar destruindo todas as barreiras que lhe são impostas. Gosto muito da idéia de a arte ter criado um espírito que segue em meandros, brincando entre os obstáculos."
Este trabalho quebra um jejum de quase oito anos sem inéditas. O último foi Invincible Summer. "Comecei a compor as novas músicas em 2001, mas trabalhava muito devagar", k.d. lang explica. "Então me dei o luxo de fazer este disco de um jeito calmo." Ao mesmo tempo coeso e eclético, Watershed não segue um fluxo direcionado. "Em Invincible Summer, havia um conceito a seguir, uma idéia musical de onde tudo derivava. Em Watershed, sabia o que queria passar de sentimento sem ser conceitual."
Como o álbum surgiu de demos gravadas ao longo dos anos, ela resolveu produzi-lo sozinha. "Venho co-produzindo há 25 anos, então me pareceu natural", diz. Sem causar alarde, mas com sentimentos tão expostos quanto em 1992, quando declarou sua homossexualidade, k.d. lang esboça uma explicação: "O disco traz uma espécie de calma estéril, a calma que aprendi comigo mesma para tudo que diz respeito a um centro espiritual ou o eu verdadeiro".