Em Direção à Luz

The Weeknd sublimou seu lado sombrio para dominar as paradas

SIMON VOZICK-LEVINSON

Publicado em 23/10/2015, às 11h48 - Atualizado às 12h17
O canadense tinha aversão ao mainstream. Agora, o sentimento dele é outro. “Quero que o máximo possível de pessoas escute minha música” - CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP (THE WEEKEND)
O canadense tinha aversão ao mainstream. Agora, o sentimento dele é outro. “Quero que o máximo possível de pessoas escute minha música” - CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP (THE WEEKEND)

É só olhar em volta para perceber os sinais: este é o ano de The Weeknd. O canadense de 25 anos colocou o pegajoso hit “Can’t Feel My Face” no número 1 das paradas; Stevie Wonder cantou um trecho da música em Nova York; e, há alguns meses, Katy Perry disse que a sensual “Often”, de Weeknd, é sua trilha sonora preferida para transar. “Não sei se estou no topo do mundo”, afirma o rapaz, “mas estou no meu ponto alto, com certeza”.
Há alguns anos, o domínio pop era a última coisa que The Weeknd esperava. Ele escondeu o rosto e o nome verdadeiro (Abel Tesfaye) nos primeiros lançamentos, em 2011 – um trio de mixtapes sombrias de R&B. Os trabalhos chamaram atenção da gravadora Republic Records, mas The Weeknd dispensou o contrato que lhe foi oferecido – um ano e meio se passou antes que ele resolvesse mudar de ideia. Mesmo em uma major, o disco de estreia do cantor, Kiss Land (2013), manteve o som claustrofóbico e nebuloso dos lançamentos anteriores e acabou ignorado pelo mainstream. Assim, The Weeknd caiu no fundo do poço criativo. “Fiquei cada vez mais deprimido”, ele conta.
Foi então que o artista começou a passar mais tempo em Los Angeles e a ouvir os conselhos da gravadora. A Republic conseguiu incluí-lo na trilha sonora do filme 50 Tons de Cinza com a faixa “Earned It” e viabilizou um dueto com Ariana Grande no single “Love Me Harder”, produzido pelo mago do synth-pop Max Martin. “No começo, fiquei um pouco hesitante com isso”, diz The Weeknd sobre a colaboração. “Se fosse cinco anos atrás? Definitivamente não. Eu era o jovem artista pobretão que queria fazer tudo sozinho.” No entanto, ele e Martin se entenderam bem. A dupla improvável se juntou novamente para “Can’t Feel My Face” e ele cita o sueco como uma grande influência para o restante de Beauty Behind the Madness (2015), que também inclui participações de Ed Sheeran e Lana Del Rey. “Agora, quero que o máximo possível de pessoas escute minha música”, afirma. Mesmo assim, The Weeknd não deixou as raízes completamente de lado. Em “Tell Your Friends”, uma balada coproduzida por Kanye West, ele pinta uma imagem triste de sua juventude desperdiçada, cantando sobre estar sem dinheiro e sem teto, noites cheias de uso de drogas, sexo casual e pequenos furtos. Ele diz que não vê contradição entre essa personalidade e os animados sucessos que põe nas rádios. “Sinto que estou mudando a cultura pop”, afirma. “O público da Taylor Swift pode me ouvir, e a molecada de rua também.”

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