Silva supera a timidez e chega ao terceiro disco abordando sexo e política
Lúcio Silva está de bem consigo mesmo. Não é necessário dar play em Júpiter, terceiro disco dele, lançado em novembro, para notar. Basta ler o título de faixas como “Feliz e Pronto” e “Sou Desse Jeito” ou ver as danças confiantes do clipe de “Eu Sempre Quis”. “Acho que foi um processo de autoconhecimento”, diz o músico, que assina como Silva. “Fui ficando mais à vontade com o palco e com o trabalho. Isso acabou refletido nas músicas e no jeito de cantar.” Silva desconstruiu as 11 faixas de Júpiter, reduzindo a quantidade de camadas (no trabalho antecessor, Vista pro Mar, de 2014, uma única canção chegava a ter mais de uma centena de diferentes sons) e valorizando batidas e vozes em detrimento dos arranjos e harmonias. “Tenho facilidade em colocar muita coisa na música”, confessa. “Mas não queria repetir os dois primeiros discos.” A nova abordagem do capixaba gerou canções mais diretas, leves e influenciadas por R&B. “Sempre gostei, mas achava um som muito sexual, cheio de groove”, conta ele, que hoje se sente mais tranquilo para usar esse estilo.
Ele também está mais à vontade para falar de sexo. “O disco aborda o sexo não na letra, não diretamente. Mas tem uma coisa sexual no som. As músicas são menos etéreas, mais pele mesmo”, diz. Vindo de uma família protestante e de músicos eruditos, ele confessa que “levou um tempo” até ter “confiança para abordar esse tipo de coisa”. Júpiter é escancaradamente romântico, mas também político, pedindo licença a “tanta opinião conservadora rolando por aí”, conforme fala. “Racismo, machismo, homofobia... Não estou muito otimista”, posiciona-se Silva.